Lápide

Dona Néscia e Seu Antenor casaram-se em tenra idade. Naquela época, era comum. Ela tinha quatorze anos e, ele dezoito anos. Trabalharam a vida inteira no campo, na agricultura. Plantavam de tudo. Tiveram sete filhas, Maria Aparecida, Maria Celeste, Maria Elenice, Maria Helena, Maria Glória, Maria Hortência e Maria Zélia... Todas as Marias eram criaturas lindas e sadias. A Aparecida virou freira. A Celeste casou-se com um caixeiro viajante e foi morar na capital. Elenice virou professora, primeiro de crianças e depois de adultos. Helena queria ser artista e, então foi morar na casa da irmã Celeste para fazer curso de teatro. Nunca se soube se concluiu ou não, mas trabalhava como caixa do Supermercado Guanabara. Glória quis fazer secretariado, fez concurso público e virou funcionária do município vizinho. Hortência era cuidadora de idosos, cuidava da mãe do Prefeito da cidade. E, Zélia a caçula estudou até o ensino médio e, cuidava dos pais já idosos. Quando seu Antenor morreu, Zélia ficou arrasada, avisou a todas irmãs, mas somente Helena veio... todas as outras estavam comprometidas. Depois, compareceram na missa de sétimo dia. Aparecida chocou a todos a aparecer de hábito... apesar de que todos sabiam que era freira. Mas, nunca o tinham visto ela a rigor. Celeste veio com o marido e o filho mais novo que se chamava Michael... em homenagem ao Jackson... O tempo passou, e dois anos depois quem veio falecer dormindo foi Dona Néscia. morreu aos oitenta e quatro anos. Pediu que colocasse na lápide: "Sete Marias, alguns pecados e muitas felicidades". 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/03/2023
Código do texto: T7738484
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