EM TEMPOS DE PAZ

Estávamos em tempos de paz, aqui. Eu, às vezes, via na tv notícias de guerra no estrangeiro.

Agora, leiam-me este conto. A moça acenou-me da janela. Fui até lá e ela me disse:

-Estou aqui, esperando meu namorado...

Eu não permiti que ela terminasse, pois apertei o passo. Enquanto pensava: "essas moças de hoje, fazem cada uma!" Eu só podia pensar isso, pois já era tarde da noite. Eu não vinha de farra nenhuma. Voltava de uma visita a um hospital, onde estava internada a esposa de um amigo meu. Mas, pensei melhor, a moça, esperando o namorado, talvez precissasse de alguma coisa. Voltei lá e vendo-a, me desculpei com ela. E perguntei:

- Moça, o que foi feito de seu namorado?

- Pois é, não sei.

Eu perguntei:

- E você precisa de alguma coisa?

Ela olhou-me e de repente me disse:

- Pode deixar. - e dizendo isto, fechou a janela.

Fiquei atônito, Mas, que fazer? Segui meu caminho.Que foi interrompido novamente:

- Você conversava à pouco com minha namorada?

Eu nem quis falar. Olhei aquele homem, e fui logo temendo um desenrolar confuso para aquilo tudo. Deixei-o ali, e caminhei tão depressa, que logo estava em casa. Abri apressado a porta por onde entrei. Fechei-a. E percorri a minha casa toda, não sei para que. Mas estava assustado.

Porém, dormi profundamente a noite toda. Acordei, tomei uma chuvarada e logo me enxuguei.

Vesti-me e fui para o escritório. Lá chegando, sentei-me à minha mesa, arrumei a papelada com que ia trabalhar. E realmente trabalhei a manhã toda. Até a hora do almoço. Quando um colega, se dirigindo a mim, disse:

-Ô, não vai almoçar?

E sai com ele para irmos a um restaurante. Depois de termos comentado o preço do prato de comida, eu contei para ele o ocorrido comigo na noite anterior. Ele, a princípio, pareceu querer se divertir com a estória. Mas, vendo ele a minha ingenuidade disse-me:

- Você é porque lê pouco. Os livros contam esse caso e o explicam com sendo o de um casal de imigrantes, fugindo da guerra no exterior e que veio a morrer aqui, Deus sabe lá de que, quando desembarcaram.

-E vivem aqui a nos assombrar terrivelmente? - eu perguntei.

Meu colega falou-me então:

-Sabe, já que você insiste, sugiro: escreva um conto com esta estória.

-x-x-x--x-x

Aristides Dornas Júnior
Enviado por Aristides Dornas Júnior em 06/03/2023
Código do texto: T7734267
Classificação de conteúdo: seguro