Mãozinhas acenando... (BVIW)

Parece que o dia só inicia de verdade, depois que o trem passa, logo cedinho, e em seguida seu som vai despertando um a um os antigos dormentes de madeira e as alegres florzinhas amarelas que desabrocham entre eles...

Assim pensava D. Beth: será que perdi o trem? Enquanto segura entre as mãos uma xícara de café e observa uma tela pendurada na parede da sala. A cumplicidade entre os trilhos desaparecendo na curva e a pequena Igreja inspira sensações, de pausas e esperas, que fazem parte das cenas vividas em seu cotidiano, fazendo com que ela se lembrasse de uma viagem, em especial, que fez quando criança, descendo a Serra da Graciosa (PR).

Mesmo envolvida, por uma suave neblina, percebia-se na linda paisagem os casebres com crianças nas janelas e à beira das cercas de arame-farpado; com suas mãozinhas acenando... Os olhares curiosos e sorrisos pouco a pouco se distanciavam, mas permaneciam em sua memória.

Quanto ao trem, não pincelado na tela continua sua viagem, quase invisível, deixando atrás de si uma misteriosa e bucólica atmosfera: um caleidoscópio de chegadas e partidas...

Tema: Perdi o trem

Tela: João Ribeiro (Barbacena - MG)

Óleo/ tela