A INSISTÊNCIA DO SENHOR (BVIW)
Liana sentou-se na bela escrivaninha e começou a datilografar.
Prezado Senhor,
Há um bom tempo desejo enviar-lhe uma carta para dizer o que tem ficado calado na alma, e sei que isso não me faz bem, então, quando a coragem me acordou nesta manhã, resolvi escrever.
Peço por gentileza, pare de me visitar! Essa sua insistência tem me desarmonizado, porque olho para trás e duas circunstâncias me ocorrem: a dúvida se fiz a melhor escolha e a curiosidade em saber como teria sido caso me decidisse por opção diferente. Fique onde está, e deixe-me viver novas experiências, e ser feliz com o que tenho em mãos. Mais de uma vez tenho repetido para mim que o caminho da vida é reto, sem curvas, retornos ou cruzamentos.
Entenda, Sr. Meu Passado, quando lhe fixo os olhos é do mesmo jeito que olho para o retrovisor, cuja única finalidade é a de me orientar, do trajeto a seguir ou dos obstáculos que devo evitar.
Espero que eu tenha sido clara e objetiva nas minhas ponderações.
Sem mais firula, me despeço.
PS – Perdoe-me o tom ácido das palavras nesta missiva, mas é que toda vez me desnorteio quando o Senhor Meu Passado invade o meu presente.
Tema proposto pelo BVIW - A carta que não chegou.
(BVIW - *BECOMING VERY IMPORTANTE WRITER/ "Tornando-se um escritor muito importante").
Na fotografia, minha eterna, mãe adorável (in memoran) e eu, a long time. Atrás de nós, a boa e velha Sperry Remington em metal cinza. A escrita sempre esteve presente na minha história.