ELENICE - ENCONTRO INESPERADO

Encontrei Elenice quando saía de um shopping na zona norte da cidade, ela me olhou um pouco duvidosa, assim como eu também fiquei. Nos olhamos discretamente durante uns dois ou três minutos, acho que queríamos ter certeza de que já nos conhecíamos de algum lugar. Tomei então a decisão de ir ao seu encontro, ela estava acompanhada de uma garotinha que devia ter uns três ou quatro anos. Cumprimentei-a nessa tarde nublada (havia chovido bastante pela manhã e nessa tarde prometia cair mais água) e fui direto ao assunto. Disse ter a impressão de conhecê-la de algum lugar e o mesmo ela me disse. Perguntei seu nome e ela falou que era Elenice. O nome, logo de início, não me veio a memória, porém os detalhes a seguir me deram a certeza de que a conhecia. E conhecia muito bem. Nos abraçamos pelo reencontro, afinal éramos íntimos agora, tínhamos esse direito, quer dizer, não era nada demais um simples abraço entre dois velhos conhecidos. Conversamos por um bom tempo em um banco que ficava logo na entrada do shopping, relembramos os tempos passados e lamentamos por ter desperdiçado uma amizade que poderia ter sido duradoura, mas não nos culpamos, assim quis o destino. A menininha era sua neta e sua beleza infantil me encantou.

 

Era uma tarde de verão quando nos encontramos casualmente, eu e Elenice, aquela garota "linda de morrer" que vi na casa de uma amiga e que no momento não tive oportunidade de conhecê-la pessoalmente, ela estava de saída e apenas acenamos um para o outro, só que os nossos olhares se trocaram e uma espécie de "telepatia" nos uniu sem ao menos nos apresentarmos. Adorei aquela jovem que nem conhecia ainda, não houve tempo para apresentação, mas ficou a promessa de uma nova visita e aí sim minha amiga me apresentaria ela. A ansiedade tomou conta de mim, fiquei pensando em Elenice e até sonhava com ela. Mas o destino foi bondoso comigo e antes dela ir visitar a minha amiga (e sua também) ele me "apresentou" ela, que estava a caminho do mesmo destino meu, a casa da minha amiga Vera. Eu a acompanhei e chegamos juntos lá, para espanto de Vera. Conversamos bastante, nos demos muito bem e parecia que já éramos amigos de longas datas. Confesso que minha paixão foi aumentando e para meu próprio espanto naquele mesmo dia iniciamos um namoro. Quão feliz eu era com Elenice! Ela até passou a visitar nossa amiga Vera com mais freqüência, mas eu ia também em sua casa, que ficava em uma outra cidade.

 

O destino, porém, nos pregou uma peça, Elenice e eu namoramos apenas cerca de dois meses, ela e sua família se mudaram para o sul do país e por força dessa situação nosso namoro acabou, não havia mais nenhuma condição de continuarmos. Eu tinha nessa época dezenove anos e ela dezoito, estávamos na flor da idade. Ainda cheguei a ter notícias dela vindas do sul, mas depois perdemos contato. Até minha amiga Vera (hoje falecida) sentiu sua falta e eu terminei esquecendo essa garota.

 

Agora estamos aqui, frente a frente, em um shopping, ela com sua netinha, cabelos já quase brancos e com a idade de 73 anos e eu com 74. Terá sido essa "telepatia" do passado que promoveu esse nosso encontro? Depois de tantos anos de ausência por que fomos nos encontrar? E que magia foi essa de nos reconhecermos apesar de nossas fisionomias estarem completamente diferenntes? Obra divina? Só sei que hoje somos apenas amigos em redes sociais, ela tem a sua vida de mulher casada pela segunda vez, com filhos, enquanto eu também tenho minha família. Estava apenas a passeio em minha cidade e que também já foi dela.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 27/02/2023
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