Velho Porco
Como eu desejaria ser tão infortunado quanto um velho porco! Imerso em seu chiqueiro apodrecido, espiando através da ruela em busca de uma ou duas cortesãs para confessar seus pecados. Esses degenerados corpulentos são amaldiçoados pela sua luxúria desenfreada e desprovida de qualquer honra. Dentro desses pequenos chiqueiros, os desejos são meros detritos descartados, são insignificantes e sem valor. E lá, encontram prazer os tolos, as cortesãs de pele e osso, aqueles que se entregam sem cautela. Mas a velha falta de bênção que dá vida não é suficiente, pois o pouco tempo que lhes resta é atormentado por uma doença implacável. É uma busca asquerosa por afundar ainda mais na desgraça e na degradação.
Oh, como eu invejo essas criaturas miseráveis! Com suas vidas tão complexas e cheias de drama!
Como eu gostaria de ser um velho porco! Ainda assim, eu me pergunto o que seria preciso para me levar a cair em desgraça e me tornar um dos habitantes desses chiqueiros imundos. Será que eu seria capaz de resistir a essa tentação, ou me entregaria à minha própria luxúria e decadência? As perguntas me consomem, e eu me sinto como se estivesse à beira de um precipício, olhando para baixo na escuridão profunda.
Mas, dentro dos mais importunados imundos pensamentos, rememoro excrementos, e é claro que não me refiro a dejeção, digo sobre pessoas atreladas ao próprio diabo. Dito com o pé atrás, pois algo diz que o diabo as vezes nem é lá tão mal elemento. Visto algumas pessoas em seus piores momentos? Visto teus atos desprezíveis e bárbaros? Visto tuas mentes fracas e despojadas ao prazer que para elas único, que para mim: fatal.
Às vezes, eu me sinto como uma marionete, sendo puxado pelas cordas invisíveis da depravação. E é então que eu me pergunto se realmente sou diferente daqueles que habitam esses chiqueiros imundos. Talvez eu esteja apenas escondendo-me por trás de uma fachada de moralidade. Mas, de repente, um pensamento ainda mais perturbador me invade: e se eu já estiver condenado? E se minha alma já estiver manchada pelos meus próprios pecados tão massivos e inconclusos? Eu me pergunto se existe alguma salvação. Eu vejo a mim mesmo em um chiqueiro imundo, cercado por outras criaturas tão vis e desprezíveis quanto eu, é esse o meu destino inescapável? Eu finalmente encontrei meu lugar entre os degenerados corpulentos e as cortesãs de pele e osso? E é aqui que eu permaneço para sempre, em um estado de êxtase e depravação, sem remorso ou arrependimento?
Que cavem então minha maldita vala! Mas que na imundice dessa balela referida não me atulho a esse destino. E que o diabo me perdoe por aqui ter-lhe feito tal inserção, pois, sabe o próprio Deus que nem o inferno há de ser tão detestável.