Estudo e restauro
Antes de subir para o apartamento\estúdio, Argov passou em no mercadinho e comprou queijos, pães e vinho. Não se esqueceu do maço de Gauloises.
A neve caía quando Argov recebeu o quadro de Correggio no começo da tarde. Junto com ele recebeu vários livros sobre o pintor. Incluindo sua técnica de pintura.
Era a primeira vez a primeira vez que Gideon Argov iria trabalhar numa pintura de Correggio. Antes de iniciar os estudos, ele tirou o quadro da proteção e o colocou sobre o cavalete. Depois acendeu as lâmpadas hálogenas olhou a tela. O Retrato de um homem com um livro tinha mais ou menos 60x 43 cm. Além do verniz sujo e envelhecido, a tinta preta (que dominava quase toda a tela) estava bem desbotada. Havia também um pequeno rasgo na parte superior. Argov anotou todos os danos e depois fotografou cada aponto da foto.
Foi para a grande mesa de carvalho onde abriu os livros e se pôs a estudar. Começou pela história do pintor e depois com a do quadro. Segundo os livros, essa pintura havia sido feita direto do esboço. Esse estilo informal podia significar que Correggio iria pintar para alguém bem próximo a ele, um amigo talvez.
Depois com sua mimetização aprendeu o estilo e técnica através da leitura e documentos que o seu empregador (a Pinacoteca del Castello Sforzesco) possuía. Foram dois dias de pesquisas. Quando terminou, Argov havia acrescentado ao seu Palácio Mental mais uma técnica de um pintor famoso.
Diante da tela, cruzou os braços em frente ao corpo, uma vareta com algodão enrolada na ponta entre os dedos a girar lentamente e examinou a tela. Com exceção da vareta girando, Gideon Argov ficou imóvel por quase uma hora. Nada mais existia apenas ele e a tela.
Ao terminar, pegou a solução que havia preparado, molhou a bola de algodão e começou lentamente e com extrema paciência a remover o verniz.
O restaurador começou seu trabalho.
Wesley Rezende