O pacto
- Carlos, o de sempre!
- Opa…
- Sempre toma essa bebida, mesmo, ou é força de expressão?
- Não, não, tomo sempre, todos os dias, pode perguntar ao Carlos.
- É tão boa assim?
- Na verdade, nem sinto mais seu sabor para lhe dizer se é boa ou não. Virou um hábito, meu avô bebia, meu pai bebia e eu sigo o ritual. Acho que o prazer está no ritual e no pacto, entende?
- Pacto?
- Ah, sim, há um pacto. Meu avô e meu pai passaram para mim. Não sabemos o dia de nossa morte e por isso bebo todos os dias para não morrer sem não ter bebido à vida de meu avô e de meu pai. Assim eles fizeram e assim eu faço. Bem, já vou indo, um abraço e até amanhã, Carlos.