A CAIXA MISTERIOSA

 

  Ano de 1903. Em uma cidadezinha ao norte da França uma freira saía sorrateiramente de um convento pelo portão dos fundos aparentando um certo receio de não ser vista. Levava consigo uma pequena caixa envolta em papel de presente. Era uma mulher de meia idade, podia ter entre 45 e 50 anos. Era uma bela figura dedicada a sua religião e muito respeitada entre todas as freiras. Carregava também uma sacola onde deveria existir alguns pertences pessoais. Algo caiu da sacola e ela colocou a caixa em cima de uma pedra enquanto apanhava o objeto caído, momento em que um ruído despertou a sua atenção resolvendo esconder-se atrás de um arbusto. Alguém se aproximou, era um homem que possivelmente prestava serviços ao convento, algum serviçal, pois estava com uma vassoura e um saco. No seu descuido a freira não lembrou da pequena caixa deixada de lado, sua intenção era não ser vista e procurou um local mais seguro onde o homem não a visse. Apressou os passos e seguiu rumo a estrada que dava acesso ao centro da cidade. O homem passou pelo local onde a freira estava antes e viu a caixa. Pegou-a, balançou mas não deu para saber o que continha. Colocou-a no saco para depois abrir e ver do que se tratava, afinal tinha seu serviço para fazer. Andou alguns passos, varreu aqui e acolá, dirigindo-se depois para a entrada da instituição religiosa. Sentou-se em um banco e pegou a caixa que tinha achado e colocado no saco com o intuito de abri-la para ver o que continha. Porém nesse momento algumas freiras bem jovens surgiram vindas de algum lugar e isso assustou o homem que colocou a caixa, supostamente um presente, por trás do banco onde estava sentado. Uma das freiras apontou para o portão de entrada indicando ao serviçal que alguém o chamava. Ele obedeceu e seguiu para o local deixando o saco e o estranho presente. A pessoa que o chamou apresentava uma certa irritação e mandou-o entrar. As jovens freiras assistiam a tudo caladas e uma delas percebeu a pequena caixa envolta em papel de presente atrás do banco. Foi lá e curiosa pegou-a. Mostrou para as outras e adentraram o convento escondendo o objeto encontrado. Minutos depois o homem saiu a procura do saco e da caixa, não encontrando esta e sim só o saco. Entrou desiludido para desempenhar outras atividades.

   Nesse ínterim a freira que deixara o convento pelo portão dos fundos voltava apressada pela estrada que dava acesso ao centro, estava visivelmente chateada. Chegou até o local onde deixara a sua pequena caixa e não mais a encontrou. É lógico que aquele homem a pegou - pensou. Não sabia se ia para a cidade ou se retornava ao convento, optou pela seguida hipótese e entrou por onde saiu. A caixa não lhe saía da cabeça, por que a esquecera? Diabos! - resmungou ela já dentro dos seus aposentos. Não tinha o que fazer, o jeito era esquecer aquela caixa que guardara com tanto cuidado.

   Nessa mesma tarde cruzou com o faxineiro em um dos imensos corredores do convento. Parou em certo momento e teve vontade de chamá-lo. O homem também parou e cumprimentou a freira, perguntou se desejava algo. Ela respondeu que não e seguiu seu caminho, tinha certeza que ele havia pegado a caixa. Entrou repentinamente em um dos cômodos e viu que um grupo de jovens freiras estavam em alvoroço, sorriam e brincavam com uma pequena caixa já aberta. Era a sua caixa, enfim encontrou-a. Com energia interveio na brincadeira e perguntou o que faziam com a caixa. Sem jeito e sem poder esconder o que já foi visto as jovens freiras tiveram que entregar o jogo dizendo que acharam a caixa na entrada do convento e certamente estaria com o serviçal embaixo do banco, onde encontraram. Um tanto envergonhada pelo que vira dentro da caixa, ela, como supervisora, exigiu que lhe fosse entregue que tomaria as providências dando um fim a mesma. Imediatamente dirigiu-se aos seus aposentos e suspirando, bem aliviada, a freira supervisora guardou seu valioso obejeto e tratou de saber com o serviçal o que ele fazia com aquela caixa. Diante do pobre homem ouviu dele a informação de que nada sabia sobre o conteúdo dela, explicou também como a encontrou, narrando o fato já lido no início desta história.

   No decorrer dos dias a supervisora se reuniu com as jovens freiras para tartar do assunto e saber o que elas pensavam sobre o estranho obejeto que continha a caixa e que foi motivo de gozação entre elas. Perguntou a quem pertenceria tal obejeto mas as freiras não tinham ideia de quem seria e foram informadas de que tal "coisa" foi destruída. Mentiu a supervisora, sabendo que o serviçal de nada sabia e que as jovens iriam ficar de bico calado sob pena de punição, guardou bem guardado e com mais cuidado o pênis de borracha que lhe dava prazer.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 10/02/2023
Código do texto: T7716015
Classificação de conteúdo: seguro