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CONTO DO SOFRIMENTO
Todos os dias ao entardecer os seus olhos gastavam-se em rios de lágrimas azedas que derramavam sem fim, escorrendo pelas ruas e encharcando os pés daqueles que caminhavam apressadamente.
O transtorno foi repudiado, pois desalinhava o vigor do caminhar dos andantes sem tempo e solitários.
Contrafeitos, gritaram o “porquê” de tantas lágrimas compridas que lhes afogavam os pés.
Olhos alagados, a vista ainda enevoada, respondeu: “Sofro por todas as palavras ditas que não sejam de amor”.
Seu sofrimento tornou-se indelével.