A INFIDELIDADE DE CRISTIANE

 

   Depois de alguns anos resolvi voltar para uma casa de onde saí por decisão própria, não mais agüentava tamanha infidelidade de uma mulher que teve tudo para ser feliz ao lado de quem a amava. Foi difícil no primeiro momento da partida, confesso que até verti algumas lágrimas, era impossível sair de cabeça erguida sem um mínimo de sentimento. Foi um relacionamento de quase dez anos com Cristiane, filhos não tivemos, talvez até tenha sido melhor, foram poupados dessa desonra que macularam a minha imagem e com certeza a deles também seria violada. Demorei para partir daquele lar, suportei uma grande mágoa a partir do momento da descoberta da dupla vida da minha consorte, meses depois foi que resolvi deixar minha casa. Tentei entender tal procedimento, analisei bem a nossa convivência, fui buscar lá no fundo da minha consciência lembranças do nosso namoro, do nosso noivado, do nosso casamento e não pude constatar nada que desabonasse a sua conduta. Tudo estava como eu esperava, como eu desejava. Onde foi que eu errei? Não sei dizer.

   Tinha chegado mais cedo de uma viagem de negócios, a empresa onde trabalhava havia me dispensado da tarefa que me foi entregue e não houve oportunidade de avisar a minha esposa que retornava para o convívio do nosso lar. Cheguei em casa radiante de alegria e o que encontro! Um homem na minha casa, ainda de pijama, o meu pijama, estando ela, minha digníssima esposa Cristiane, ainda de calcinha e surpresa com a minha repentina chegada. Eu tinha as chaves e queria fazer-lhe uma surpresa. Minha brusca entrada na sala deixou-a praticamente sem reação, foi pega em flagrante na cena do crime. Fiquei chocado, mas mandei o cara vestir-se e retirar-se. Ele obedeceu. Ela correu para o quarto chorando. Ao longo de alguns dias ficamos praticamente sem se falar, Cristiane me pediu mil desculpas, mas diante do ultrage tornou-se impossível um perdão, se assim procedesse estaria violando o meu próprio conceito ético sobre familia, sobre união amorosa. Resisti por algum tempo até decidir onde me instalaria, já que a casa era dela, uma herança de sua mãe.

   Voltei, não para tê-la novamente como mulher, mas para prestar-lhe uma ajuda de cunho emocional a pedido de um familiar seu, Cristiane estava bastante enferma e necessitava de cuidados especiais e de assistência médica através do nosso plano de saúde, coisa que jamais negaria a um ser humano digno de pena, principalmente esse ser sendo meu parente próximo. Ela nem me reconheceu dado o seu estado deplorável de saúde, inúmeros fatores contribuíram para o agravamento de sua saúde, como arrependimento, estresse, entre outros. Feitos os procedimentos ela foi internada, porém a doença agravou-se e Cristiane veio a óbito.

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 25/01/2023
Reeditado em 25/01/2023
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