Encontro com Marcela dez anos depois
Então, Argov você teria se casado comigo? Se nós dois não tivéssemos ninguém é claro...
Marcela usava um terno vinho com calça folgada da mesma cor e uma sandália de salto agulha. Estava elegante. A bela moça era conhecida no mundo da arte como caçadora dos grandes mestres. Tinha ganhado fama como agente de museus e colecionadores e uma hábil negociante. Havia conseguido encontrar obras renascentistas perdidas. Argov havia trabalhado com ela algumas vezes. Argov sorriu os dois estavam em um canto conversando enquanto observava o quadro Anunciação de Leonardo da Vinci. Bebiam Champanhe.
Se não amasse Atena e nem você o seu marido... Quem sabe né? Argov disse deixando a questão no ar.
Marcela não era a mesma moça perdida que ele havia encontrado nas ruas de Milão há dez anos. Ele fez o que pôde para ajudar. Em dez anos ela havia se tornado um profissional. Pelo que ele sabia, Marcela estava casada com um curador de certa rede de museus especializada principalmente em esculturas.
A última proeza da signorina Marcela fora encontrar em um velho depósito de uma mansão quase abandonada, um Parmigianino quase destruído. Quando ela o reconheceu pensou em apenas um homem que poderia restaurar. Gideon Argov.
Ela conseguiu comprar por uma ninharia e vender por uma enorme quantia para a Galleria degli Uffizi. Agora estavam dando uma festa pela descoberta. O lugar estava cheio de colecionadores milionários, estudiosos, curadores e uma parte da alta sociedade italiana. Argov havia aceitado o convite apenas pela insistência de Marcela. Ela enlaçou o braço dele e andou pelo salão da Galeria.
Argov, você nunca toma jeito né? Desde que o conheci sempre achei você envolto em um grande enigma... Temo que nunca descobrirei e é uma pena...
Argov sorriu sentiu o cheiro de Sândalo dos cabelos de Marcela. Bebeu um gole do champanhe e colocou a taça vazia na bandeja quando o garçom passou.
Infelizmente, signorina, eu sou um livro aberto escrito em língua morta. Nem eu mesmo entendo...
Wesley Rezende