CAFÉ COM LETRAS - OLHANDO TORTO
Arlete tu queres ir mesmo para o Gerês, com todo este covid?
Quero sim, meu amor, vai ter um jantar especial, com todas as medidas de protecção e distanciamento social.
E qual vai ser o menu, Arlete?
Olhar torto, Arlindo.
Pelo preço vai ter que ser especial.
Lá vens tu com as tuas matemáticas, Arlindo.
O Gerês, fica a quantos quilómetros de Braga, Arlete?
Sei lá.
Gerês, dia 24 de Dezembro.
Mas espia só que cama bem feita.
Olha só o champanhe e a mensagem de boas vindas.
Que romântico!
Pelo preço que pagamos, faria o mesmo em casa durante um mês!
Deixa-te de conversar, que tu nunca fizeste nada disto em casa.
Se tu me pagares eu faço!
Arlindo adormece
Acorda, tróce, que a ceia vai ser servida!
Cala-te Arlete, já estou pronto.
E tu vais descer assim?
O Chefe apresentou o menu, Arlete resmungou.
O que há?
Só tem frutos do mar?
Foi você que escolheu!
Foi, foi mesmo.
Já que estamos no barco, seguimos.
Eu vou pedi uma carne, Arlindo.
Tu vai gastar mais, por fora?
Lá vens tu de novo, matemático.
Tu vais pagar.
Arlindo levanta-se com os olhos tortos.
Vamos para o quarto.
Estás passando mal?
Estou cheio de tesão, o fruto do mar levantou o dorminhoco.
Calma que falta a baba de camelo!
Já estou todo babado.