Quem são os adultos?
Troca de mensagens em um grupo de Whatsapp de um condomínio residencial:
Primeiro pai- Pessoal, muito chateado com um fato que ocorreu na quadra do nosso condomínio. Duas crianças ofenderam e mandaram minha filha sair da quadra por ela se manifestar contra suas ideias políticas. Ela, assustada saiu da quadra. Chegou em casa chorando. Disse a ela para me dizer quem era e ela não quis. Confesso que xinguei muito e digo a vocês, não importa filho de quem eles são, se repetir vou encher eles dois de porrada. Estes garotos merecem é pancada mesmo.Estou mandando esta mensagem e peço aos pais que conversem com seus filhos e expliquem sobre o respeito aos diferentes pensamentos.
Segundo pai: Eu aviso a todos, se minha filha fizer ou dizer algo que ofenda ou prejudique outras pessoas, ela será corrigida com rigor, mas se minha filha for desrespeitada ou ter o seus direitos violados, também agirei com rigor, não importa quem for. Os pais respondem pelos filhos.
Terceiro pai: O ocorrido é bom para os adultos pensarem também. Hoje é comum vermos brigas e discussões acaloradas sobre política, pessoas sendo ofendidas e isoladas em redes sociais, no trabalho, na rua e na família. Educamos mais com exemplo do que com palavras. Onde estas crianças estão aprendendo este comportamento?
Daniel e Fernando pediram desculpas a Amanda e no outro dia jogaram futebol juntos. Amanda comentou rindo que o pai exagerou na sua defesa e que ela nem ficou tão magoada assim.
No mesmo dia à noite, o prédio inteiro ouviu dois adultos gritarem palavrões e xingamentos no hall. Renato e Francisco brigavam pelos filhos, mas o que mais se ouvia era a defesa de um e do outro de seus posicionamentos políticos. Eles não se ouviam, cada um falava mais alto que o outro.
Daniel interfona para Amanda: meu pai e o seu estão se pegando lá em baixo. Quando subirem o que vamos fazer? Amanda responde: podemos exigir que um peça desculpas ao outro? Daniel rindo: está louca? Eles vão se pegar de novo.
Márcia Cris Almeida
13/01/2023