Jacintho e Mariana era um casal incomum. Ele muito culto (alem de rico) e ela uma camponesa simplíssima. Era um romance cronometrado. Tinha tempo certo para acabar. É claro que na ingenuidade de Mariana, o romance era eterno. Exponencial e infinito. A madrinha de Mariana, Dona Eustáquia não via com bons olhos. Afinal, Mariana está muito aquém de Jacintho. Teve uma certa tarde que ele veio aquele olhar de adeus, de despedida implícita, reticente e certeiro. Jacintho iria a capital a mando de seu pai, realizar certos negócios. E, como informou Mariana certamente iria demorar muito... Mariana estranhou a prosa. Olhou desconfiada... E, com olhos já afogados em lágrimas, perguntou:- Você está me dando adeus? Isso é uma despedida?  Jacintho, já meio sem-graça, sorriu como um lagarto e, disse: - Não seja melodramática!  Mariana nem sabia ao certo o que seria isto... Passou a adorar Jacintho pelo avesso, a maldizer... e, queria se vingar a qualquer preço. Na manhã seguinte, cortou os pulsos e pulou de cima da ponte, no Rio Capibaribe. Nunca encontraram seu corpo. Tornou-se lenda do amor impossível plantado em pleno sertão. Jacintho, mais tarde, quando soube teve uma crise nervosa e foi internado no hospício. 

 

Obs: Música Atrás da Porta. Autoria Chico Buarque e Francis Hime.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/12/2022
Código do texto: T7680055
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.