SEM PRESSA

Versão original do microconto:

A casa ficava ali, bem à beira da margem do rio. Na verdade o rio passava no quintal da casa.

Ela costumava se sentar no degrau da porta da cozinha e cismar olhando a correnteza.

Olhava a correnteza e as nuvens no céu. Ambas corriam, sem pressa, sem saber pra onde. Só corriam.

E ela ali, sentada naquele degrau desgastado, com o queixo na mão e os olhos num vai e vem, nuvens no céu e águas no rio.

Não sabia nadar e não podia voar.

Um dia, fechou a porta da cozinha, deitou-se em sua cama e sem pressa, morreu.

Versão para o Micro Conto de Ouro da Casa Brasileira do Livro: (semifinalista)

O rio passava no quintal da casa e ela ficava sentada na porta da cozinha e cismava, com o queixo na mão, olhando as águas no rio e as nuvens no céu e ambas corriam sem pressa. Ela não sabia nadar e não podia voar. Um dia fechou a porta da cozinha, deitou-se em sua cama e sem pressa, morreu.

Isabel Damasceno
Enviado por Isabel Damasceno em 26/12/2022
Reeditado em 01/02/2023
Código do texto: T7680018
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