SEM PRESSA
Versão original do microconto:
A casa ficava ali, bem à beira da margem do rio. Na verdade o rio passava no quintal da casa.
Ela costumava se sentar no degrau da porta da cozinha e cismar olhando a correnteza.
Olhava a correnteza e as nuvens no céu. Ambas corriam, sem pressa, sem saber pra onde. Só corriam.
E ela ali, sentada naquele degrau desgastado, com o queixo na mão e os olhos num vai e vem, nuvens no céu e águas no rio.
Não sabia nadar e não podia voar.
Um dia, fechou a porta da cozinha, deitou-se em sua cama e sem pressa, morreu.
Versão para o Micro Conto de Ouro da Casa Brasileira do Livro: (semifinalista)
O rio passava no quintal da casa e ela ficava sentada na porta da cozinha e cismava, com o queixo na mão, olhando as águas no rio e as nuvens no céu e ambas corriam sem pressa. Ela não sabia nadar e não podia voar. Um dia fechou a porta da cozinha, deitou-se em sua cama e sem pressa, morreu.