E se as xícaras falassem? (BVIW)
Nesta tarde de despedida da primavera, enquanto “Alice” não chega... o “Chapeleiro Maluco" ajeita sua cartola e depois arruma a mesa do chá. Com atenção e um olhar geométrico ele pergunta a uma das xícaras:
__ Querida e sutil porcelana, onde está seu pires?
E ela responde:
__ Não sei, ele disse que ia passear com a tampa do bule e ainda não voltou...
Curioso, o Chapeleiro pensa nessa cumplicidade que pode existir entre os lábios e mãos que seguram as xícaras, seriam elas confidentes, das emoções ao serem acariciadas por atemporais lábios? Há na borda dourada de cada uma delas, traços de memórias, compartilhadas, além dos sabores e aromas de chá e café deslizam sorrisos lágrimas e gotículas de cintilantes saudades.
E mesmo, nas madrugadas, quando elas silenciam, ainda permanecem, insinuantes, etéreos diálogos de olhares...