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Quebrando tradições (BVIW)
Dessa vez ele não pagaria pra ver, já estava com as malas prontas e rota traçada para Portugal, lá o bom e velho bacalhau era a pedida certa.
- Mas você vai mesmo? Tem certeza que não quer ficar conosco? Tudo indica que este ano, com a crise financeira que o País atravessa, a coisa não chegará até nós, fique, meu filho.
- Desculpe mãe, não é de hoje que já tenho isso decidido, depois, estou na minha tenra idade, muito visado, alvo fácil. Se eu sair hoje a noite, com sorte, logo alcanço meu destino e voilà, estarei salvo, poderei viver mais alguns anos.
- Mas você sabe, querido, esse é o seu destino, afinal, desde 1621 que nossos antepassados passam por isso, é nossa sina, somos o símbolo da fartura.
- Pois eu quebrarei esse ciclo, eu prometo.
E assim, Pérus partiu, cheio de sonhos e esperança. Depois de algumas horas de caminhada, estava faminto e cansado, avistou um celeiro e uma moça bonita que cantarolava uma doce canção, enquanto alimentava galinhas e pintinhos, foi chegando de mansinho e ao ser avistado por ela, uma luz brilhou entre eles, sentiu-se hipnotizado por aquele ser angelical. Marcinha correu ao seu encontro e o amor entre eles aconteceu.
Os anos se passaram e Pérus estava velho e cansado, mas feliz e realizado, cumpriu a promessa que fez a sua mãe, mudou seu destino, ganhou um lar, uma dona que lhe amou e o poupou de ser o prato principal da ceia de Natal. Pérus se tornou símbolo de liberdade entre os "perus" de sua família, afinal, tradições existem para serem quebradas.
Sandra Laurita
*Tema proposto: Tema livre