Insignificância

Ela o amava. Ela o odiava. O sentimento de ódio a visitava vez ou outra. Aquilo a atormentava: como amar e odiar a mesma pessoa. Certa vez comentou com uma amiga psicóloga: “É assim mesmo.” E falava para si mesma: “Como assim mesmo? Como amar perdidamente uma pessoa e num outro momento odiá-la?"

Num dia em que o ódio a dominou, sacou uma faca e o matou enquanto dormia. Foi condenada a 20 anos de reclusão. Cumpriu 6 anos. Aonde ia era reconhecida. Estigmatizada.

Num dia, sentiu vontade de amar novamente, mas tinha medo de odiar também. E sem ter a quem amar ou odiar resolveu se matar. Foi encontrada morta após 10 dias. Enterrada sem velório, sem ninguém que a amasse ou a odiasse.

Rodiney da Silva
Enviado por Rodiney da Silva em 10/12/2022
Código do texto: T7668859
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.