ÊXTASE SANTIFICADO
Na impossibilidade do prazer carnal
ele sentia-se mais recompensado pelo prazer poético do que pela
prática sexual porque lhe conduzia a um prazer mais próximo da alma do que do corpo desejado. Uma espécie de amor sagrado, como se
fosse um êxtase santificado, reali-
zado pela cópula de um anjo apaixonado.
Sentado a beira da cama ele a observava linda, nua e adormecida.
Sua respiração fluía serenamente
como o delicado marulho do mar
a desaguar suavemente nas areias
da praia.
No devaneio a que se entregava viajava pelo seu dorso, suas curvas
inatingíveis, admiravel obra da cria-
ção divina.
Foi nesse instante que sentiu
uma imperiosa necessidade de re-
tratar seus sentimentos através da
sua arte.
Começou a ferir a pedra com o cinzel como se ela pudesse sentir a dor e a beleza dos seus
sentimentos.
Terminada sua obra ele chora como
como se fossem lágrimas de um
Deus.
(Inspirado na obra de Gabriel Garcia Marquez
"Memória de minhas putas tristes).