ÊXTASE SANTIFICADO

Na impossibilidade do prazer carnal

ele sentia-se mais recompensado pelo prazer poético do que pela

prática sexual porque lhe conduzia a um prazer mais próximo da alma do que do corpo desejado. Uma espécie de amor sagrado, como se

fosse um êxtase santificado, reali-

zado pela cópula de um anjo apaixonado.

Sentado a beira da cama ele a observava linda, nua e adormecida.

Sua respiração fluía serenamente

como o delicado marulho do mar

a desaguar suavemente nas areias

da praia.

No devaneio a que se entregava viajava pelo seu dorso, suas curvas

inatingíveis, admiravel obra da cria-

ção divina.

Foi nesse instante que sentiu

uma imperiosa necessidade de re-

tratar seus sentimentos através da

sua arte.

Começou a ferir a pedra com o cinzel como se ela pudesse sentir a dor e a beleza dos seus

sentimentos.

Terminada sua obra ele chora como

como se fossem lágrimas de um

Deus.

(Inspirado na obra de Gabriel Garcia Marquez

"Memória de minhas putas tristes).

Gilberto Stone
Enviado por Gilberto Stone em 09/12/2022
Reeditado em 28/01/2024
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