A noite caia mostrando no céu um vermelho tão lindo que parecia que Deus estava em uma de suas aulas de pintura. O verde da natureza, como pano de fundo, mesclava-se com as cores do céu, espaldando um tom bonito e nostálgico. Eliana aguava seus vasos de magnólias e já começava a ficar escuro quando acendeu a luz do alpendre. As mariposas aproximaram-se da lâmpada fazendo círculos, colidindo com a parede, tontas pela luz.
Sentou-se na cadeira de balanço pensando o que faria para o almoço no dia seguinte. Apertou os olhos e viu de longe um carro cortando a estradinha de terra, parando em frente da casa; ao parar viu que era o Sr. Francisco, com uma caixa em suas mãos.
- Bom dia Dona Eliana! Trouxe algumas beringelas que apanhei hoje na minha horta.
- Ah! Sr. Francisco, obrigada, como elas estão bonitas! - respondeu sorrindo.
- Fiz um murinho alto com tijolo em volta delas, por isto estão bem protegidas - disse ele. E experimente o grão-de-bico que plantei esse ano.. Despediu-se com pressa, saindo numa poeira de fumaça abanando a mão pela janela.
Eliana entrou, fechando a porta de vidro; ja na cozinha, fez um chá de erva-doce preparando-se para dormir. Deitou-se no colchão macio de sua cama colocando o braço sob o travesseiro, puxando seu terço. Amanhã sua filha viria almocar com suas netinhas. Pensou que no dia seguinte faria beringelas recheadas, arroz branquinho, feijão e uma salada de grão-de-bico.
Comecou a pensar na sobremesa quando rezando, dormiu.