A LAGARTA

 

A revelia do tempo,

A lagarta tece seu casulo,

Nem retesa sua fonte,

continua,

Nem pragueja o dia,

Nem lamenta a noite,

Costura sua bainha,

Alinha seus colchetes,

Poeiras destruídas,

Embebidas em sangue,

Acompanhada de sinfonias,

De gritos em agonia,

Adentram sua lida?

Nem liga, nem nada,

Retoca, enfia, retorce,

E trás a linha,

Fazendo outra dobra,

São pés de soldados,

Murmúrios de matilhas,

De filhos sem mães,

Zumbidos

de buzinas zumbis,

Impávida,

envolve-se

Em seda fria,

De indiferença,

Quando terminar

Sua tapeçaria,

Estará exausta

E totalmente encoberta,

Seu sono lhe trará

Metamorfose,

Se deste casulo

Sairá fina borboleta,

Funesta mariposa?

Nem uma, nem outra?

Só o futuro revelará;

Mas quando

Seu Invólucro

Romper e vomitar

O esperado inesperado,

Uma coisa será certa:

Ninguém notará.

 

Ita poeta

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 05/12/2022
Reeditado em 10/07/2023
Código do texto: T7665107
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