A LAGARTA
A revelia do tempo,
A lagarta tece seu casulo,
Nem retesa sua fonte,
continua,
Nem pragueja o dia,
Nem lamenta a noite,
Costura sua bainha,
Alinha seus colchetes,
Poeiras destruídas,
Embebidas em sangue,
Acompanhada de sinfonias,
De gritos em agonia,
Adentram sua lida?
Nem liga, nem nada,
Retoca, enfia, retorce,
E trás a linha,
Fazendo outra dobra,
São pés de soldados,
Murmúrios de matilhas,
De filhos sem mães,
Zumbidos
de buzinas zumbis,
Impávida,
envolve-se
Em seda fria,
De indiferença,
Quando terminar
Sua tapeçaria,
Estará exausta
E totalmente encoberta,
Seu sono lhe trará
Metamorfose,
Se deste casulo
Sairá fina borboleta,
Funesta mariposa?
Nem uma, nem outra?
Só o futuro revelará;
Mas quando
Seu Invólucro
Romper e vomitar
O esperado inesperado,
Uma coisa será certa:
Ninguém notará.
Ita poeta