O sacrifício- BVIW
- Teobaldo, o que restou do nosso amor? Está disposto a fazer um sacrifício por nós dois? No desfolhar dos dias apodrecidos pela desatenção do noivo, Bella Gil acordou pensativa, e o silêncio da resposta ficou por conta da imaginação. Eram felizes, risonhos, cheios de expectativas e sonhos; Teobaldo fazia tudo por ela, até distanciou-se da família. Ela era exibida, gostava de sussurrar verdades e mentiras, e o pior, arrastava as intenções do noivo pela Avenida SAN Diego. Falava sempre que ele era o apaixonado, que fazia suas vontades e só não casava porque ela não queria. A família dele tinha vergonha do sentimento mesquinho e condicionado; um homem barbado e governado pela saia de Bella Gil, onde já se viu? Com certeza, não era nordestino, baiano nem no Pelourinho. Um baiano usa turbante de reis, cordão de contas, alfazema de Yemanjá e exala sedução. Tem no sangue o amor pela terra, pela raça e não nega os laços de sangue, nem pela rainha do mar. Teobaldo saiu cabisbaixo, nada a falar, nem um olhar pidão. Bella Gil quis gritar, rodar a baiana, mas a entidade sumiu. Usou o corpo como isca, agarrou-o pelas mãos, esfregou o desespero em frente ao Farol da Barra, e o Teobaldo caiu aos pés do Cristo, morto. Um sacrifício de separação.