Do convite para a história - BVIW
Do convite para a história - BVIW
Marília L Paixão
Meu encantamento pelas letras de Luzia surgiu de um toque mágico entre elas e meu olhar ansioso e afoito; mas usar de muitos adjetivos não pegaria bem, diria Ana Toledo. Pergunto logo à Luzia ao invés de tentar eu mesma explicar: - O que te faz escrever assim?! Luzia ri. Depois diz que nunca viveu sem ter histórias ao seu redor.
Comecei então a imaginar que a casa de Luzia era feita de livros. Janelas de livros, portas de livros, degraus de livros... Precisava de um convite para entrar! Talvez a cama e os travesseiros também fossem de livros. - Pode entrar, Marília, estou convidando. Sem pés de livros para atravessar a porta, entrei, mesmo me sentindo um capim do mato. Até o jardim era feito de livros cheirando a tinta fresca das páginas. De tão maravilhada, não conseguia ler nada. Nada do tapete, nada das toalhas das mesas e de banho... Tudo parecia um sentimento de sonho. Foi então que resolvi me devolver para a realidade e a grande ideia seria descobrir naquela casa algo que não fosse livro ou afins.
Acendi uma imaginária lâmpada de genialidade, para quebrar aquela magia com um pedido besta total:
- Você me arruma um copo d’água, Luzia?!
- Água, água de beber?! Ela me perguntou.
- Sim! Que outra água você teria?!
- Água de ler. Atraída pelo fascínio, aceitei da água de ler e nunca mais voltei pra casa. Acho que virei livro.
Marília L Paixão