Até onde a vista alcança é saudade.
O rio corre atravéz da mata verde. Lá atrás a cachoeira canta. Procuro vestígios de passos no chão da estrada.
Nada!
Nem um potro passou por aqui. Caminho lentamente pela conhecida entrada. Meus olhos procuram o que restou da casa. No lugar o verde do plantio começa a rasgar a terra. Fico imaginando os peixes morrendo, por causa do veneno usado na matança das pragas. Sumiu os cupinzeiros, arrancados pela ganância do homem. Acabou-se o alimento do Tamanduá Bandeira. Nem a onça deu as caras por aqui novamente. Olho a minha frente e lembro das Laranjeiras que acompanhavam a entrada, no lugar o sol alimenta o broto. O broto alimenta o bolso, que alimenta a mesa do homem na cidade. Por um instante odeio o homem da cidade. Até lembrar que da cidade sou eu, alimentada pelo broto que germina faceiro. Só me resta fechar os olhos e lembrar. Haviam, patos, galinhas, porcos e carneiros. Os cachorros latiam quando escutavam os passos de um cavalo na estrada. Os passarinhos faziam festa. Olhei a estrada ao longe pois cada vez que chegava o momento de partir, sentia a invasão da tristeza na alma. A vontade sempre foi ficar. Agora já me vejo subindo a estrada, para contemplar do alto a saudade. Tudo muda, as vezes um pouco fora do lugar.
Arlete Klens
(Ao meu querido amigo Otavio Mariano , lendo seu texto me transportei no tempo.) Gratidão