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Cecília (BVIW)
Cecília acordou cedo, abriu a casa e deixou o sol entrar, arrumou as camas, colocou as roupas para lavar, deixou a janta pronta e varreu o quintal. Ufa, agora iria, antes que se atrasasse. Lá, se entregou de corpo e alma. Mas era preciso voltar, passara da hora e seria difícil explicar onde estava, teria que tomar mais cuidado, ou, seu segredo seria descoberto. A vizinhança já andava cochichando e não tardou chegar aos ouvidos de Roberto. No outro dia ele ficou à espreita, esperando a hora que Cecília saísse de casa para segui-la.
Ao chegar em casa, Roberto lhe esperava, cara amarrada, cenho franzido, foi logo dizendo :
- Então, Cecília, eu te segui e te vi entrando em um prédio, o que tem a me dizer?
- Perdoe-me, Roberto, eu tentei resistir, foi mais forte que eu, passei anos sufocando esse desejo, mas olha, não precisa ter ciúmes, eu dou conta de tudo aqui em casa, só depois vou pra lá, aí sim, me rendo ao prazer.
Ele não podia acreditar no que acabara de ouvir, amanhã mesmo colocaria um ponto final nessa história. Antes de ir para o escritório, passou no endereço que Cecília estava frequentando, queria saber quem era sua grande paixão. Ao chegar na portaria, antes mesmo que perguntasse algo ao recepcionista, deu de cara com um enorme cartaz que anunciava a estreia da mais nova bailarina da companhia, Cecília Koslov!
Sandra Laurita
Tema proposto : Segredo (conto)
*Interação do poeta Herculano Alencar
Balé em versos
Pé ante pé, os braços na cintura. O pulso acelerado, a boca em fogo. Os seios a jogar o antigo jogo que faz a lucidez virar loucura. A noite acordada e, a essa altura, os sonhos, aos bocejos, vêm à tona. O olhos, ao sabor da beladona, enxergam a entrega e a procura. Há uma luz nas luzes da ribalta e outra luz, à sombra da cortina, que ilumina a parte da retina, em que se dá visão ao que faz falta. O assovio doce de uma flauta sopra paixões aos pés da bailarina.
(Herculano Alencar)
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*Interação do poeta dito
BAILARINA FELICIDADE
No palco
passos precisos
Movimentos de puro
enlevo
Por dentro
um prazer indescritível
fazia com que uma alegria incontida
bailarina
tomasse conta dos seus pés
sorridentes
(dito)
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*Interação do poeta Masé Quadros
BAILARINA GALVANIZADA
É noite e lá vem a bailarina.
Toda graça, toda prosa, ensaiando ser menina.
Cá está a bailarina.
Sob as luzes da ribalta, brilha mais que purpurina.
Lá vai a bailarina.
Morta viva, viva morta, com a dor que desatina.
Dorme agora a bailarina, entre pedaços de sonhos, cacos da sua sina.
Cedo, desperta a bailarina.
Veste roupa de operário, pega o trem na outra esquina.
(Masé Quadros)
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*Interação do poeta Olavo
"Ela pediu pra ele uma dança
Por adorar tal melodia
Que lhe trazia lembranças
De uma grande companhia."
(Poeta Olavo)
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