Monstro

Se verem ele com alguma garota pode separar que é briga.

Ela pode ser banguela, barriguda, dentuça, bucha de canhão, ou ainda corcunda.

Na virada da noite na lua cheia encima de sua laje, as mãos cabeluda...

Se a coragem bater faça um passeio, depois da meia noite perto de sua casa, ouça uivos, pedido de socorro, é ele assustando mais uma velhinha no ponto do ônibus.

Tem pessoas que já o viram e relataram:

_É coisa de outro mundo.

A policia pergunta para algumas dessas vitimas:

_Como ele é?

Olha só o que foi relatado.

_Ele é baixinho, careca, barbudo todo pelancudo, tem pernas tortas, peitos grandes, um maior do que o outro ainda é barrigudo; até parece gente. Um fato curioso, ele ataca suas vitimas declamando poesias, mas elas não entendem nada.

Um casal deixou escapar:

_Antes de declamar suas poesias, ele chega erguendo a camisa mostrando seus peitos grandes todo cabeludo e aquela barriga enorme.

_Para rapaz peguei nojo.

Olho-me no espelho vejo meu tanquinho.

A garota disse:

_Quando vi aquilo comecei a vomitar, se aquilo for homem eu mais nunca vou namorar.

A policia reforça o policiamento, o presidente manda os militares, os tanques de guerra.

_Vamos cercar toda a cidade, este meliante não vai escapar.

Nas igrejas os crentes fazem suas orações, no terreiro de mãe Sinhá ela também faz suas petições. As televisões e os rádios de todos os países querem pegar o melhor ângulo do tal monstro, se possível conseguir até uma entrevista.

Vendedores ambulantes com seus produtos, botons, camisetas com a foto do monstro, bonés, tênis que acende uma luz no calcanhar.

Olha como são as coisas, um tempo atrás ninguém conhecia a nossa cidadezinha, nós moramos tão longe, tão longe, até o vento volta do meio do caminho por causa da distancia, com a aparição do tal monstro, nós agora não saímos da televisão, a males que vem para o bem.

Por causa da televisão, as mulheres não saem mais dos cabeleireiros, fazem permanentes, esticam os cabelos, pintam suas unhas, dão um geral no visual. Até seu José esta ganhando um dinheirinho, comprou um tempo atrás uma máquina de bronzeamento artificial em uma loja de moveis usados numa dessas idas a capital. A rotina da cidade mudou.

PAULO PEREIRA
Enviado por PAULO PEREIRA em 20/11/2022
Código do texto: T7654018
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