Lágrimas, alegrias e fraldas de coco.

Nasce mais um pequeno anjo

Demorou mais nasceu

De dentro da barriga de sua mãe não queria sair

Já escrevia por dentro com seus dedos miúdos

Nas paredes do útero de sua mãe

Esperando o tempo passar

Faça chuva ou faça sol

Esperneio só saio quando o sol estiver estralando lá fora

Fritando ovo na cabeça de careca

Desculpe meu pai, se isto foi uma indireta.

Mais aqui dentro da barriga de minha mãe, é tão quentinho.

O senhor acha que vou sair neste frio, pelada.

Não é porque ainda não nasci que não tenho vergonha no meu rostinho.

O meu belo rostinho

Não sou que nem uns e outros que já nascem erguendo as pernas, esperneando.

Por isso quando estão na mão do doutor, tomam umas palmadas nas canelas.

Não tentem nada, já enrolei o cordão umbilical no pescoço.

Se tentarem me tirar, olha que sou um bebê arretado.

Sou descendente de negro, povo que não tem medo.

Aqui dentro já luto pelos meus direitos

Cadê a democracia sou pequena mais sou gente

Sou uma pequena valente

Quando eu resolver sair

Eu saio e pronto

Meu choro será poesia nos ouvidos dos meus pais

Meus avós vão ficar bobos com minha beleza

Nascerei com mais cabelo do que meu pai

Só sei de uma coisa daqui não saio daqui ninguém me tira.

Parece até letra de musica

Pai, mãe eu sei que vocês estão doidos que eu venha ao mundo.

Meus tios, meus avós estão loucos que eu use aquele vestidinho rodado,

Cheios de babados.

Mãe eu sei que a senhora não vê a hora de me dá banho

E me amamentar

Pai eu sei que o senhor esta doido para trocar minhas fraldas de coco

Mãe quando a senhora acaricia sua barriga eu sinto aqui dentro

Falando palavras de amor e carinho

Sinto vontade de sentir suas mãos me envolvendo

Por isso que dou aqueles chutinhos daqui de dentro

E faço o formato do meu pezinho em sua barriga

Mãe sabe que meu pai fala com sua barriga

O velhinho deve estar ficando doido

Marinheiro de primeira viagem

Usa-me de cobaia para fazer suas poesias

Sei que ele esta escrevendo outro livro inspirado em mim

Mãe deixa sair o sol

Depois de tirar minha soneca da tarde

Darei uma dica, sairei na sexta-feira.

Mãe me desculpe pelas dores que esta sentindo

E o desconforto de me carregar

Mãe, pai a culpa não é minha.

Foram vocês que resolveram me fazer

Não sei o que esta acontecendo

Aqui dentro estou me virando aos poucos

Acho que teu corpo esta querendo

Que eu saia logo daqui de dentro

Mãe não sei como tirar o cordão umbilical do meu pescoço

Ajuda-me nem sai, já estou fazendo minhas peripécias de criança.

Mãe ore por mim que nada de mal venha acontecer comigo

Sou um pingo de gente

Olha mãe eu sei que não queria sair, era tudo brincadeira.

Estou louca para estar em seus braços

Quero ser uma mulher guerreira que nem a senhora

E ser uma escritora de fama que nem meu pai

Espere estou chegando falta pouco

Fala para o pessoal preparar a mamadeira

E algumas fraldas

Espero que o pessoal da literatura escreva uma poesia em minha homenagem

Estou saindo com o tanquinho cheio

Estou sentindo algo me empurrando

Mãe, pai o que esta acontecendo ai fora.

Estou vendo um clarão alguém cortou sua barriga, mãe.

Vejo daqui de dentro

Pensei que sairia de parto normal

Mãe, pai o que esta acontecendo.

Alguém me diz algo

Opa espera ai mãe, do corte de sua barriga.

Estou vendo uns dedos não é do papai e nem dá senhora

O clarão esta aumentando

Os dedos agora viraram mãos

Mãe elas estão me pegando

Mãe estou com medo

Ele esta me tirando de dentro da senhora

Mãe o clarão aumentou esta irritando meus olhos

Acho que vou chorar

Cadê meu pai deve estar desmaiado

Mãe, homem nesta hora são todos iguais uns frouxos.

Mãe onde estou quanta gente.

Todo este pessoal é para me ver

Nossa como já nasci querida

Tiraram o cordão umbilical do meu pescoço, graças a Deus.

Mãe suas orações deram certo, foram atendidas.

Mãe estou toda suja, não fiz nem uma besteira.

Mãe cadê a senhora, quero te conhecer.

Quero sentir teu cheiro.

Nossa me enrolaram neste paninho é tão quentinho

Mas não é como esta dentro dá senhora

Mãe estou nas mãos de uma moça

Oh moça, a senhora sabe onde esta meus pais,

Estou doidinha para conhecê-los

Olha minha pequena

Tem uma pessoa que quer te conhecer

Mamãe aqui esta sua filhinha

Mãe quando vi a senhora pulei de alegria

Mexi os meus bracinhos e balancei as minhas perninhas

Mãe como à senhora é linda

Mãe não chora não

Eu cheguei agora para lhe dar alegria

Sou mais uma jóia rara em nossa família

Quem sou eu, sou Alanda.

Alegria, sorriso de vocês meus pais.

Paulo Pereira

Associação Cultural Literatura no Brasil

PAULO PEREIRA
Enviado por PAULO PEREIRA em 18/11/2022
Código do texto: T7652430
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.