MINHA MUSA SEM NOME

Ela era tão linda, tinha um semblante tão natural, tão jovem quanto eu, em torno dos seus 14 ou 15 anos. Eu tinha acabado de completar 14 anos, era um adolescente feliz e terminei me apaixonando perdidamente por ela, sem nunca ter trocado uma só palavra com essa criatura ou sequer saber o seu nome. Pode isso? Coisa de adolescente sonhador. Eu a observava quando entrava na biblioteca do bairro em busca de livros que pudessem lhe passar informações para algum trabalho escolar, assim como eu fazia esporadicamente. Depois que a vi pela primeira vez não tive mais sossego, passei a freqüentar a biblioteca por mais vezes, não para ir atrás de livros, mas para vê-la, simplesmente para contemplar aquele corpo dono de uma certa sensualidade e perfeição. Eu entrava em êxtase, tinha vontade de abordá-la, de perguntar algo só para me aproximar dela e saber o seu nome. Mas a timidez me impedia e ela ia embora sem ao menos notar a minha presença. E eu ficava triste.

    Certa tarde quando eu me dirigia para a biblioteca encontrei-a quando adentrava o local, estava a poucos passos de mim, hesitei um pouco, fiquei trêmulo e fiz de conta que consultava a hora no relógio de pulso. Ela passou por mim e nem me olhou, notei que estava apressada. Entrei normalmente e procurei-a. Não a vi ali, imaginei que tivesse saído por outra porta. Vasculhei a rua e nada. Voltei para a biblioteca e então a vi com um rapaz desconhecido a conversar. Fiquei decepcionado e "ciumento" naquela hora, ela não podia fazer isso comigo! Espere. Por que não? Eu por acaso sou alguma coisa dela? Me contive e deixei a "raiva" de lado, afinal não havia motivo para isso. De posse de um livro ela anotou o que queria e se retirou juntamente com o rapaz. Fiquei apenas observando, mas depois decidi seguí-los, mesmo sabendo onde ela estudava e ter oportunidade de uma abordagem, mas a minha maldita timidez não deixava. Vi quando ambos entraram em uma loja bem movimentada e aí os perdi de vista.

   Alguns dias se passaram, como estava próximo do final de ano as visitas daquela linda jovem a biblioteca, aquela que eu tanto admirava e "amava", terminatam e eu não mais a vi. Ainda cheguei a esperá-la no final da aula, porém não consegui êxito, apenas uma única vez ela saiu apressada e entrou em um carro que partiu em velocidade. Daí por diante ela sumiu definitivamemte da minha vida. Já são passados mais de cinqüenta anos e a sua imagem permanece na minha mente e se hoje ela passasse por mim seria impossível reconhecê-la.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 06/11/2022
Código do texto: T7644103
Classificação de conteúdo: seguro