Colecionador de pedras.
Ando pela rua tropeçando na multidão.
É mendigo me pedindo um trocado, outro um prato de comida.
É a sirene que toca no centro da cidade.
_ Arruma a barraca, corre que lá vem a policia!
Escuto grito, latido de cachorro.
Um senhor grita:
_ Policial este é meu ganha pão, como é que vou sustentar minha família?
_ Senhor eu não estou nem ai, quem mandou o senhor colocar esta barraca
aqui? E quem me mandou foi os homens lá de cima, só estamos aqui cumprindo
ordem.
Continuo andando, tropeçando e pensativo com minhas pedras nas mãos.
Parece que estou carregando um mundo nas minhas costas.
A cidade é uma loucura, a minha vida é uma tristeza.
Mas desde pequeno gosta de um papel e um caneta.
Minha mãe gritava em meus ouvidos:
_ Meu filho, quando você crescer será um grande homem; terá a sabedoria, e
com um papel e uma caneta fará versos, rimas, será um mestre na poesia e
todos vão gritar:
_ Lá vem o poeta, quem ele é?
Garimpeiro do asfalto.
O colecionador de pedras.
O poeta da periferia
Paulo Pereira.