SONHOS PERDIDOS

Estava na rua sem ter alguém para conversar encontrei um cigarrinho no bolso um baseado que encontrei na rua outro dia. A barriga roncava tentei pedir o que comer, mas quem vai dá algo para um mendigo um morador de rua todo sujo.

Não pensei duas vezes o único meio que tenho é roubar se não morro de fome então de espreita fiquei olhando o primeiro a passar, o que tiver de valor vou levar a sociedade me fez assim.

Então chegou a hora, não demorou muito um casalzinho de namorados me parece que estavam vindos da escola, presa fácil fiquei com raiva pela a felicidade deles.

Duvido quando chegarem em casa a jantar já esta pronto banho quente e caminha macia não é que nem eu durmo em qualquer lugar debaixo dá ponte ou no meio do mato quando a policia não esta em nosso pé.

Isto foi o combustível para esquece de tudo é agora ou nunca então devagar fui chegando quando gritei, é um assalto à garota começou a gritar e a berrar chamando a atenção de quem passava na rua o namorado ficou paralisado eu não sei por que as mulheres por tudo grita faz um escândalo.

Eu marinheiro de primeiro assalto a mandava calar a boca, os gritos dela me venceu então sai correndo para não ser pego, mas não teve jeito, a parada deu errados os gamber na esquina me esperava, tentei pular o muro, mas eles estavam armados, eu apenas estava com o dedo escondido debaixo da blusa.

Desci com as mãos na cabeça os policias me algemado fui levado para o camburão, tomei alguns tapas tentei me explicar, mas que tentasse minha situação só piorava comecei a chora como queria minha mãe e meu pai.

Os policias gritaram comigo agora você chora vagabundo na hora de assaltar aquele casal de namorado você não chorou agora vamos fazer um passeio depois vamos para a delegacia. Fiquei horas dando volta preso dentro daquele camburão pensei que eles iam me mata nesta hora foi à primeira vez que me lembrei de Deus das orações daqueles obreiros que nos levavam sopa debaixo da ponte.

Nesta hora pedir desculpa para Deus só roubei porque estava com fome pedir que ele me livra-se da morte eu não gostaria de ter o mesmo fim do meu pai então o carro para estava de frente à delegacia fui levado para dentro e jogado em um quarto escuro por horas, fiquei esperando por alguém.

Estava com tanta fome, às algemas estavam me apertando começou a machucar meu pulso o medo me rondava, fiquei ali acho que por horas até que escutei alguém entrando, gritei, chamei fingiram que não me escutava.

Passei a noite sem pisca os olhos comedo de morre nunca tiveram tanto medo de morre quando estava clareando o dia o delegado chegou junto com os policiais e fui levado para sua sala.

Perante o delegado tive que me explicar, porque estava assaltando aquele casal, falei porque estava com muita fome tentei até pedir, mas ninguém quis me dá um trocado tomei uns tapas na cabeça, dos policiais.

O delegado isto não justifica roubar alguém ainda apontando um dedo escondido debaixo da blusa, não se preocupe o senhor vai passar férias aqui na cadeia, o senhor tem pai ou mãe.

Eu lhe disse que não, que não tinha ninguém, parente algum, dois policiais me pegaram pelo braço gritando, vagabundo vamos para a sua cela e conhecer seus novos amigos.

Os policiais dando muitas risadas, vocês teram muito tempo para conversar, horas mais tarde veio à marmita fria, mas mesmo assim comi tudo para quem estava dias sem comer era o maior banquete.

Dias foram se passando, dentro da cela fui arrumando amizades, amigos do mundo do crime os piores dentro da delegacia, todos somos iguais e perante a lei.

Até que descobriram a minha verdadeira idade, eu não poderia estar ali era menor de idade, então me mandaram para o juizado, em questão de horas fui transferido fui para um reformatório lá estavam os piores delinquentes, pensei que na cadeia tinha gente ruim estava enganado.

Dias depois fui chamado para o fórum me levaram algemado, detrás da mesa estava lá de terno e gravata o senhor, o doutor juiz fazendo muitas perguntas principalmente por não ter falado minha verdadeira idade e sobre o assalto.

Depois fui de volta para o reformatório, para terminar de cumprir minha pena como os outros da minha idade aqui dentro não têm choro e nem vela, não adianta chamar mãe e nem pai, lágrimas correm lembrando quando estava solto era ruim, mas estava solto.

Aqui dentro somos apenas números um ninguém, meu coração se tornou uma pedra não tenho pai não tenho mãe nem um parente para me visitar, vejo os outros jovens com suas famílias uns já tem até filhos todos se reúnem envolta da mesa do pátio entre choro, abraços e muita saudade no horário de visita eu fico pelos cantos só olhando.

Os dias passam tão devagar aqui dentro, na minha cabeça vultos, lembranças dos meus irmãos, eu como eles, fomos espalhados como cão, cada um para um lado, depois dá morte dos nossos pais.

À noite vejo vultos em outras celas, escuto gritos e pedidos de socorro, são garotos sendo estuprados por outros mais velhos, sabe como é muitos homens junto sem ver mulher há muito tempo, não adianta chorar os guardas fingem não ver, todos aqui são santos meninos anjos.

Dentro da minha cela olho para o teto e fico imaginando meus pais, se não tivesse escolhido este mundo das drogas qual vida teria, será que teria uma família unida, final de semana todos reunidos em volta de uma mesa, almoçando juntos eu e meus irmãos. Queria ser uma criança normal ir para escola, jogar bola, namorar as meninas na porta da escola a se eu pudesse voltar no tempo e mudar todas as besteiras que fiz, e tira os meus pais do caminho das drogas um caminho sem volta.

A minha salvação aqui dentro comecei a ler para ocupar o tempo, existe um ditado mente vazia oficina do diabo, outro dia conheci uns camaradas que fazem uma rima que cantão um rap gostei.

Outro dia estava na cela lendo começaram a vir algumas batidas na minha mente, rimas, versos coloquei no papel, depois mostrei para o pessoal no banho de sol, contava um pouco da minha historia sem pai, sem mãe, morando na rua, comendo restos dos outros, um simples morador de rua um menino abandonado.

Escondidos pelas vielas, esquinas, favelas este era meu dia a dia sem roupa quente nas noites frias, o único som que escutava era meus dentes batendo um no outro como gostaria de ter um cobertor mesmo daquele fininho dado pelo pessoal da igreja que sempre passava na madrugada dando uma sopa para nos moradores de rua.

Quantas vezes me chamaram, mas nunca dei ouvido, falava que para minha vida tinha um jeito, tinha um Deus que poderia mudar tudo bastava eu crer, mas eu resmungava e saia, será que se eu tivesse escutado minha vida teria outro rumo, teria saído da rua não estaria aqui trancafiado.

PAULO PEREIRA
Enviado por PAULO PEREIRA em 04/11/2022
Código do texto: T7642480
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.