Pela janela...

Perco as contas das luas de solidão, olhando o céu pela minha janela. As ruas também desertas me relembram de coisas que eu nem sei dizer. Olho para o chão e acho meus sapatos obsoletos, mas acho que sou eu quem envelhece, de minuto a segundo...

Não leio mais os mesmos livros e nem mesmo dou uma folheada nos velhos. Rememoro os dias em que não sabia de mim mesma, dos desvãos de minha alma. Sei quem sou, mas acho que não conheço os poemas que minha mão teima em plantar, mesmo na terra seca.

Busco o ar mais puro, a saudade menos doída. Conto algumas das estrelas que bordam o manto azul escuro a velar por mim. Olho ainda a lua da janela, olho e é como se minha vida nela se refletisse, também com suas fases, solidões, passeios solitários pelo universo.

A lua, cheia de brilho, eu cheia de vontade de brilhar. Se ela míngua, eu quero minguar mágoas. Daí ela nova, eu renovo minhas esperanças de crescer junto com ela, ambas cheias de vida...