E o vento trouxe - BVIW
...E o vento trouxe - BVIW
Desde os trágicos romances de Shakespeare até Júlia Robert em Uma linda mulher, muita água rolou. Abrasileirando as loucuras de amor teríamos Lampião e Maria Bonita, Eduardo e Mônica até aos atuais feminicídios. Pois bem! Vou lhe apresentar uma nova história de amor. Na verdade seria um amor do tempo do clube da esquina se fosse brasileiro, mas não! Será um amor londrino ou americanizado? Falar de amor depende muito. Se fosse um amor meu, nem caberia aqui. Vamos ao de Júlio & Júlio. Um amor que incomoda muita gente. Mas Júlio não era um cara destes que se vê na rua. Só na Literatura. E lá estava ele em Boston Public Library meio que hipnotizado por uns versos que o vento havia trazido. De repente, o livro aberto a sua frente tentava lhe dizer: - liberte-se de todas as suas graduações e siga as asas da borboleta. - Mas que borboleta? Chegou a erguer o livro de seus estudos e lá na frente, um outro Júlio, protegido pela distância de mil livros parecia absorto na vastidão da espairecida intelectualidade. Caminhou até ele. - Você viu alguma borboleta por aqui?! - Parecia pergunta de um Júlio simples para um Júlio elegante. - Acho que não. - Por aqui só uma ventania de versos não confessos, que não pude ler direito. - Seriam estes? De repente, um lençol de versos, clarinho, cobriu a mesa:
“todo esforço para esculpir palavras
que se sustentem no rosa da tarde
desmaia a caminho”
- Nossa! Quão lindo é isso! Saiu de um filme? - Não.É de Ana Deister. - O que faremos com ele? Júlio Elegante o enrolou no pescoço e o outro assentou-se ao seu lado. A vida dos dois parecia resolvida naquele instante onde já percebiam porque dançavam as borboletas.