Ela o perseguiu. Ele se parecia demais com Bon Jovi (pelo menos de costas), ela tinha quinze anos e escutava uma fita pirateada do álbum “New Jersey”. Ela desviou o caminho pro cursinho de inglês e o seguiu... seus cabelos assanhados e calça de couro colada... magro, porém forte..., “talvez seja ele!!”. Levava um violão nas costas. A menina encantada o seguiu pelas ruas do Rio Vermelho. Já era tarde pra estar sozinha... 1994 era um ano perigoso demais pra se andar sozinha. Ele passou pelo mercado do peixe andando rápido... ganhou o Beco dos Artistas e depois correu até a orla escura, descendo até o mar. Ela o seguiu disfarçando às vezes mudando de rota. Era uma garotinha, e apenas queria um autografo. Ele estava na beira d’água quando ela se aproximou gritando seu “nome”. Ele então se virou. Ela deu três passos pra trás, caindo na areia fofa totalmente assombrada. A face do homem era cinza, e seus dois olhos eram enormes e pretos. Suas narinas mínimas, quase inexistentes, boca minúscula e uma enorme testa que parecia dura como pedra. Seus olhos mudaram da cor preta para vermelha e algo se mexeu na água. Algo gigante e transparente pareceu planar em cima da água. Uma luz azul e ofuscante se fez... e a fã do Bon Jovi fechou os olhos e tentou se proteger se agachando em posição fetal. O ano era 1994. No dia seguinte... um garotinho sem camisa, filho de um pescador... encontrou um Walkman da marca “Aiwa”, novinho. Mas ele não gostava de Bon Jovi, então atirou a fita na areia e correu sorrindo...

 

 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 20/10/2022
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