Palavras cativas

Onde teriam ido morar as palavras que eu não pude e as que eu não quis escrever ou dizer? As que não quis libertar? Decerto condensadas em meu cotidiano e à noite bagunçam os meus sonhos, mas quando eu acordo só encontro a mim mesma, sem entender o que nem sei que estou pensando.

Volta e meia elas bailam entre frases soltas, como uma mensagem subliminar em letras de músicas, poesias... Quando essas palavras me tiram para dançar, levantamos nossas saias e desenhamos versos pelas pernas, em seguida os esqueço.

Invadem o café, roubam-me o almoço a alimentar os meus anseios e a frustração de não poder saciar nos sonhares acordadas uma certa ânsia de concretude. Furta segundos de serviço e tornam a labuta num assobio sorridente, a cantarolar sem bem o que e nem por que...

Acho que elas, as minhas palavras cativas, moram dentro de mim e dos meus dias e, vez em quando, pensam em fazer turismo lá para longe de mim, mas temem formar cacófatos, pleonasmos, por isso é que ficam por aqui e quem sabe um dia elas sejam sublimadas ou libertas de mim...