A Carol sempre escondia o jogo
A Carol sempre escondia o jogo, se fazia de indiferente mas era só encenação.
Aquele jeito despreocupado de encarar uma situação poderia fazer qualquer um pensar que ela não ligava para as coisas e acontecimentos ao seu redor.
Ela tinha mesmo um jeito próprio de vivenciar cada experiencia que a vida lhe propunha.
- Olha, Carol. Que vestido mais lindo.
É lindo mesmo. Respondia enquanto não movia nenhum músculo da face para esboçar um sorriso.
Quem a via de longe percebia que o distanciamento culposo - quando não há a intenção de se aproximar - era algo que ela amava.
O que muita gente rasa que não gosta de profundidade não sabia era que a Carol fazia isso de propósito, justamente para afastar gente desinteressante e interessada, que vinha se achegando por desejos e mesquinharias, tentando um benefício próprio, forçando uma relação não natural.
Aquela casca dura de quem já havia apanhado da vida o bastante dava a ela o esconderijo ideal para esconder o coração mole e o sorriso branco como as brancas nuvens mais puras de um dia de verão. Aqueles olhos desconfiados e distantes jorravam mananciais de vida todas as vezes em que estava com os seus amigos. Eles viam as nascentes puras refletindo o brilho que vinha de sua alma.
Uma alma bem escondida e preciosa, colorida como a aurora austral que vemos ao pôr-do-sol.
Carol sabia se armar quando necessário, sabia proteger-se das artimanhas e se livrava com facilidade de qualquer golpe. Uma guerreira estrategista.
Mas a guerreira se desnudava entre os seus, se armava de amor e confiança e se despia daquela couraça que a vida lhe serviu.
E era amor, era companhia, era porto seguro e farol ativo para os dias de tempestade e noites agitadas, ela era a silhoeta da alegria e da companhia para os seus amigos e familiares mais próximos.
Carol era uma mulher incrível e cheia de força, uma dessas pessoas que você não descobre se resolver nadar apenas na superfície.
Ela está sempre mais abaixo da fina camada da água, mais próxima dos corais onde a vida reverbera.
A Carol era... a Carol é.
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