Uma jovem encantada
Era mais uma noite, como tantas outras, em minha vida vazia. Eu desempregada, sem amor e sem perspectiva alguma, sai para arejar a mente. A melancolia me devorava, como ferrugem na lâmina do tempo, sentia-me nos escombros dos meus problemas, desanimada, fracassada.
_ Que vida miserável! Suspirava em lamentos, enquanto vagava pelas ruas da cidade. Então, avistei uma jovem, ar sereno, sorriso estampado nos lábios, cabelos ao vento, nas mãos um sorvete. Era o retrato da felicidade!
Ela caminhava com tanta graça e delicadeza que parecia flutuar, sacudia a cabeça suavemente e os longos cabelos dançavam majestosa valsa, pra lá e pra cá. Fiquei fascinada com aquela visão, ansiei com toda minha alma ser aquela garota e por instantes, num doce devaneio, vi-me caminhando rua a fora, com um sorvete nas mãos, os problemas eram inexistentes, sorria leve e contente. A vida era bela, pensei, naquele instante fui feliz.
Mas a jovem seguiu caminhando, caminhando, caminhando...até onde minha visão não pode mais alcançá-la. Nesse momento, a realidade pôs suas mãos frias e ásperas, em meus ombros, abraçou-me com vontade, sucumbi em lágrimas, chorei como criança abandonada. Assim, em prantos, segui minha solitária caminhada, contudo, restou em meu coração uma fagulha de esperança, de um dia, quem sabe, ser como aquela jovem encantada.