Minha busca

Minha boca grita seca e aberta, como um animal ferido na alma. Luto. Não de morte, mas de combater as loucuras que se entremeiam no meu corpo depois de se emaranhar na minha mente solta, que também brada, clama por suas escaras não aparentes.

Penso que posso salvar o mundo, mas não salvaria a mim mesma, pois cortejo a morte como quem busca nesgas de sol para se aquecer no inverno e busca ventos no calor extremo. Enlouqueci e não tem volta. Apenas finjo uma sobriedade que não engana durante muito tempo. Sempre se mostra pelas frestas e festas que deixo escapar.

Creio piamente que crio universos com palavras desditas ou mal ditas. Não as calo. No máximo, as repito para dentro de mim mesma e profetizo lutas e vitórias desse e de outros mundos. Aliás, vivo no mundo da lua, riscando poesia na pele, como quem tem calafrios e transformando o que enxergo para ver a vida com outro olhar. Um menos pessimista que o que deixo escorrer em lágrimas escondidas.

Sou poeta e transformo o mundo com meu olhar para o que me é dito ou o que posso ver enquanto um condoído choro se convulsiona e escorre pelo meu rosto até o queixo, queimando como fogo. Paraliso, como se tivesse medo dessa desnatureza que o mundo ensaia em guerras e conflitos desnecessários.

Na verdade, minha busca é por mim mesma. Não sei direito quem sou e me dou nomes e conceitos todos os dias, sem me satisfazer muito tempo com nenhum deles. Quem sou eu? Antes de decidir essa parte, preciso pertencer apenas a mim. Definir minhas verdades e parar de andar em torno de mim mesma com passos trôpegos.

Sou louca. Grito pelo espaço. Na loucura encontro alento. Mas o mundo não sabe definir o que seja a falta de sanidade, apesar de ser ele mesmo a causa e o efeito dela. Sou louca e gosto disso. Escolho meus caminhos virando a rosa dos ventos na direção oposta à que parece segura. Já disse: sou louca e gosto disso. Minha busca é que apenas espero respeito por quem decido ser.