Relacionamento sério com a ansiedade
Os pés inquietos por baixo da mesa. Um furacão de pensamentos emaranhados na cabeça, como se trinta pessoas gritassem ao mesmo tempo sobre obrigações, futuro, problemas e tudo que pode dar errado. Os ombros, pescoços e pernas doem como se eu tivesse corrido uma maratona de mal jeito. A verdade é que o corpo passou o dia tenso, pronto para lutar ou fugir a qualquer momento. Tão tenso, que está cansado às 18 horas. Tento não pensar nessas coisas, mas ao não pensar já estou pensando. Estive tão presa ao furacão dentro de mim que só agora olhei para minha mãe conversando comigo num eterno monólogo. "E acabou que esqueci da bendita vassoura. Mas e tu, minha filha? Como está?" A inquietação agora toma conta das duas pernas. "Bem", respondo. O corpo todo diz o contrário. "Às vezes, fico me perguntando no que tu tanto pensa... aposto que tá apaixonada." Forço um sorriso e penso que estou até num relacionamento sério. Um relacionamento sério e abusivo com a droga da ansiedade.