Um chato qualquer - BVIW
Caroline sonhava grande desde pequena. Tinha uma imaginação fertilizada, um olhar diferente. Não assistia aos filmes e novelas para ver o mocinho e o bandido, estava mais atenta ao modo de reprodução social dentro daquele contexto. A garota era mesmo estranha, enquanto as amigas liam Poliana, o mundo de Sofia, o pequeno príncipe, ela devorava os livros de corrente filosófica e sociológica, e até romantizava essa relação com naturalidade. Queria entender o comportamento social e refletir sobre as questões básicas da relação humana. Entretanto, viu-se casada com um chato qualquer, se ao menos fosse amante da literatura, já era um indicador de dias melhores. O sapo chato nunca chegou a ser príncipe, mas tinha um humor de cavalo brabo. Um dia sem graça qualquer, Tião apareceu em casa do nada, fedendo a milome e gritou: - Mulher, deixa de ler besteira e vem caçar o que fazer!. Uma hora dessa e nada de comer no fogo. Se eu tivesse uma bola de cristal eu não casaria com você, sua preguiçosa! Ela retrucou imediatamente: - Se eu fosse você me largava também. Na situação dela, e perante a família, o melhor seria ele pedir o divórcio. – Pare de resmungar, e traz a minha chinela, a toalha e uma talagada da branquinha! – Pegue você, seu folgado! Não sou sua empregada! Caroline sorriu, e o manuscrito de seu primeiro livro já estava no forno.