Vitrine

Em um dia qualquer de outono

Vitrine.

"Era outono, eu caminhava sozinho dialogando com meus mais terríveis pensamentos."

"De repente!" Ouvi um som triste, de um violino triste que chorava de longe , apressei os passos porque aquela beleza fria, me convencia que era belo.

"Chegando mais perto, vi um menino debruçado sobre a janela de um luxuoso restaurante".

O pequeno estava de pés descalços, no seu corpo franzino vestia trapos, os olhos nus vazios , de íris sedenta! buscando ser notado . Mas sua presença era Invisível, dominado por uma fome selvagem que lhes esbofeteava a face , feroz e inofensivo seus olhos quase ultrapassa aquela redoma de vidro . Admirado, não perdia detalhe nenhum , de tudo que acontecia lá dentro.

"Tudo era como uma vitrine de luxo, os olhos do menino estavam perplexos a cada movimento e molhados de emoção."

Para mim parecia um grande espetáculo !

" Abram se as cortinas . "

Luz, câmeras , e ação !

Duas cenas opostas que se atraem, o luxo admirado pelo lixo , " o cúmulo da ostentação..."

"A atriz principal adentra o lugar, Linda exuberante! No esguio corpo, deslizava um vestido caro que combinava perfeitamente com o colar de brilhantes! " , A tinta azul dos olhos eram de primeira! longos cabelos dourados que ao

balançar - se, exalava um perfume raro , que ela mesmo foi buscar na França.

Surpreso eu vi alguém caminhando ao encontro dela talvez um figurante, destinado apenas a ocupar qualquer espaço vazio, um elegante homem de cabelos grisalhos com um terno caríssimo e um sorriso barato mas , de atuação perfeita, ele a beija com paixão e senta a mesa.

Inebriados pela magia daquele lugar começaram a sorrir , e o menino a chorar.

E eu?

Bom , eu fiquei só observando...

Garçons que andavam com bandejas como se estivessem dançando pelo vasto salão, uns equilibristas de sapatilhas, outros insanos dedilhando o corrimão!

Em um estalar de dedos, aproxima-se deles um maitre, que lhes apresentam o melhor vinho tinto português na faixa de seus quinze anos.

Logo é servido os pratos , eles usam os talheres com tanta destreza como quem pinta um quadro.

Eu olhei o pobre menino e ainda ali estava com estômago que desafinou o som do violino. Então o menino percebe que ninguém o vê , ele abaixa a cabeça respira fundo, seca uma lágrima que talvez fora sua única refeição naquele dia.

Apagou se luz... "Segue se a vida... "

E o menino segue para qualquer destino de cabeça baixa em uma estrada fria de outono que lhe custará uma noite inteira de fome, dor e frio.

Eu continuei a caminhada, de folhas caídas, com a névoa atrevida beijando meu rosto , por um instante uma lágrima cai, silêncio..." agora ouço apenas o último suspiro do violino... "

Pensei indignado, envolvido no espírito de humanidade, e revoltado, indaguei : Por que eles não se importaram com o menino?

parei no caminho e refleti : " Eu fui o único que viu o pobre menino e não fez absolutamente nada, perdendo talvez a oportunidade de deixar de ser o narrador, a ser o protagonista dessa história.

Xiiiii...

Retorna ao silêncio… Fecha se as cortinas, o espetáculo acabou…

Autora: Alessandra de oliveira

Alessandra de Oliveira
Enviado por Alessandra de Oliveira em 20/08/2022
Reeditado em 18/08/2023
Código do texto: T7586520
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