Megera indomável - BVIW
Vadinho era arriado os quatro pneus, mais o estepe, pela bela Mimi, mas a timidez e o medo de enfrentar a megera indomável não permitia uma aproximação. Além do mais, o valente Biguzinho tinha fama de botar pra correr os candidatos à pretendente de Mimi. O máximo que Vadinho conseguiu foi uma troca de olhar pidão. A moça também não dava mole, era exibida e seletiva, é que ela gostava de mimos, e o famigerado Vadinho não tinha uma banda de conto no bolso, era arame liso. Os gostos da moça exigiam uma economia na poupança ou uma renda tamanho EXG. Onde já se viu, um mero mortal, condenado ao salário mínimo, namorar a filha do dono da cidade? Só nos contos infantis. No entanto, a ocasião faz o ladrão, e o Dom Ruan da plebe teve um momento de expectativa. Mimi foi parar justamente na comunidade onde ele morava, não é que milagres acontecem? O sistema do carro deu pane e o GPS direcionou a moça para lá. Ela ficou em pânico. Nunca nem viu tamanha precariedade e desestrutura, e os becos e vielas da comunidade tinham rostos desconexos com o mundo estereotipado . Foi quando ela lançou um olhar de desespero pela janela do carro e avistou Vadinho . Um rosto engraçadinho, sem importância, mas que naquele momento era tudo o que ela precisava. A rapaziada do comércio ilegal também viu a mesma coisa, que coincidência! – Ô, dona, mete o pé do carro e passa as chaves!!! Bora, sua lá ela! Tá querendo morrer? Sem noção, mano, essa patricinha de merda. Vadinho sem pensar, gritou: Pessoal, essa mina é minha! Esqueci que ela marcou comigo aqui. Já disse a ela para não vir de carro metido a besta. O pessoal tomado pelo orgulho respondeu: já é, meu pivete! Tamos juntos! Mimi roxa de raiva, retrucou: - Está aí, duas coisas que eu não sabia: Uma, que eu tinha um namorado e a outra, que ele é hipossuficiente de recursos econômicos.