Uma mulher que sofreu sem ter culpa

Era uma tarde de sábado no ano de 1952, numa cidade de interior de Minas Gerais, chamada Palma.

Uma garota e seu pai tinham ido ao centro da cidade fazer compras pra semana.

A garota era a mais velha de cinco irmãos, e como de costume na época, tinha muitas responsabilidades pra sua idade, ela só tinha 12 anos. Ela não tinha ideia de que sua vida mudaria completamente naquele dia.

Seu pai tinha sérios problemas com bebidas alcoólicas, e não podia beber nada que perdia a noção das coisas e desmaiava.

Sabendo disso, um velho fazendeiro, já com más intenções ofereceu uma cachaça ao pai da moça, que prontamente aceitou.

Após tomar a dose de cachaça, o homem ficou embriagado e desmaiou, como era de se esperar.

O tal fazendeiro pegou a garota e a levou para um lugar longe e abusou sexualmente dela. Destruiu a sua inocência. Era só uma menina, com 12 anos, não sabia o que ele fez com ela.

Ao descobrir o que tinha acontecido, o pai culpou a menina e a pôs pra fora de casa.

O abusador tinha iludido a menina dizendo que se casaria com ela, e alugou uma casa pra ela morar e ser sua concubina. Que trágico iniciar a vida assim! Logo ela, que sonhava em se casar na igreja, com vestido branco e tudo mais. Infelizmente isso não ia acontecer.

O pai dizia que não tinha filha vagabunda e que ela tinha envergonhado a família. Nessa época era comum culpar a vítima. Um real absurdo.

Quando soube da situação da filha, o pai dela combinou com o senhorio, da casa que ela estava morando, de raptar a garota.

O filho do senhorio ficaria com ela, e a menina não sabia de nada ainda.

O que eles não sabiam é que a filha do senhorio tinha ouvido toda a conversa e foi correndo contar para o fazendeiro.

Como em cidade pequena as fofocas se espalham com rapidez...

Na noite do mesmo dia, o filho do senhorio, um homem de 24 anos, chamado João, raptou a garota, e fugiu com ela em disparada montado em seu cavalo.

O que ele não esperava era que o fazendeiro não gostou da ideia e os perseguiu durante a fuga.

Uma perseguição a tiros e um desses tiros atingiu João nas costas, a bala ficou alojada em sua coluna pelo resto da vida.

A fuga deu certo, mas a garota não sabia o que ainda ia passar.

João não era um príncipe encantado, muito pelo contrário era um ex-militar muito bruto e arrogante.

A garota sofreu agressões físicas e verbais durante todo o tempo em que ficaram juntos.

Tiveram treze filhos, dos quais apenas seis sobreviveram, três homens e três mulheres.

Ela só conseguiu se libertar dos abusos de João trinta e sete anos depois, quando ele morreu de um infarto fulminante aos setenta e um anos.

Mas todo o sofrimento que ela passou teve um alto preço, foram vários problemas de saúde, e ela morreu três anos depois de João, vítima de um aneurisma, aos sessenta e dois anos.

Assim se encerrou a história de uma menina, que não fez mal a ninguém e teve sua inocência roubada.

Abreu Lima
Enviado por Abreu Lima em 13/08/2022
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