COMO DEIXAR UM OBSESSOR TRISTE

Ele era um obsessor feliz que aplaudia em pé o seu assediado predileto.

- Cara é isso mesmo, briga com todo mundo, manda se ferrar, fica bravo mesmo! - dizia Ele.

Zé adorava assistir jornais e ficava feliz de estar atualizado com as "notícias" de última hora, em especial as tragédias,

assassinatos, doenças e mundo policial.

Ele, vibrava feliz e incentivava:

- Vai, assiste mais!

- Uhuuu! É assim que eu gosto.

Zé só via sua vida piorar, e mesmo que se esforçasse nada ia pra frente.

Um belo dia resolveu conversar com um vizinho amigo, de longa data e que acreditava em espíritos, e todo mundo

sobrenatural.

- E aí Zé, como está a sua vida amigo? - diz João.

E Zé, todo nervoso, irritado, respondeu:

- De mal a pior meu. Nada dá certo. Tudo travado, estou de saco cheio cara.

- Entra aqui comigo e vamos conversar. - diz João.

João ofereceu um café pro Zé, e se pôs á disposição para ouvir.

Zé falou, falou, falou, tossiu, espirrou, se coçou, e continuou a lamuriar, e desfilar seu rosário de tristezas e indignações.

Ele, seu obsessor só ouvia e apoiava mas começou a ficar preocupado, pois João, entendia do babado.

- Bem, meu amigo Zé, agora é a minha vez de falar. Por favor preste bastante atenção. - diz João.

- Você certamente tem um obsessor bravo aí te sugando até a alma. - diz João.

- Obsessor João? Que Cacilda é isso? - diz Zé.

- É um ser desencarnado que se aproveita da energia física, mental, emocional e espiritual das pessoas que vibram na

mesma frequência delas.

- Não entendi João. Como assim?

- Bem, você é uma pessoa bastante negativa, e vive vibrando física, mental, emocional e espiritualmente nessa

frequência, ou seja um prato cheio pro obsessor que é assim e usa sua energia para te sugar. Pela lei da atração,

o Universo nos envia o que vibramos. - diz João.

- Tá cara, mas beleza, como saio dessa? - diz Zé.

- Simples, comece a assistir menos jornais e noticiários pesados, troque por um documentário sobre algum assunto

que você curte, leia mais sobre espiritualidade, procure se auto observar, e troque suas reclamações por

agradecimentos.

- Meu amigo, você tá querendo que eu vire santo? - diz Zé em tom irônico.

- Ué, você me pediu ajuda e eu estou passando o que eu sei e vivo. - diz João.

Ele, o obsessor resolveu fazer um gracinha, e de repente, o copo de café de Zé se estatela no chão.

João, olhou e falou:

- Bem, se você não quer acreditar então faz o seguinte, vai procurar ajuda em algum lugar que te oriente.

Zé percebeu que havia criado um clima desconfortável, e se desculpou:

- João, cara, eu não quis te ofender, pois é difícil acreditar nessas coisas.

- Eu entendo meu. Já fui assim como você. Se cuida e se vigia e depois você me conta.

Zé ficou sem graça, se despediu e agradeceu o café e o papo.

Alguns meses passaram e Zé estava mais feliz e sorrindo, e encontrou João na rua.

- E aí meu, tudo bem? - diz João.

- Sim, meu amigo. Sabe precisamos conversar mais, pois estou me sentindo muito melhor.

- Fico feliz com isso cara. - diz João.

- Parei de ver aquelas "coisas" de jornal, policial, e estou fazendo cursos em várias áreas, e também do meu trabalho,

e tudo tem melhorado. - diz Zé.

- Que massa! - diz João.

- Olha só, até encontrei uma namorada legal pacas.

- Maravilha meu amigo. Mas seu obsessor deve ter ficado p. da vida!

- Ah, agora ele vai procurar outra pessoa e turma, porque aqui são só boas vibrações.

- E isso ai meu querido! Como dizem os mais jovens:

- É nóis!- diz João.

- É nóis!

Vocês devem estar se perguntando mas, e Ele?

Ele, teve de tirar seu time de campo e está planejando fazer uma obsessão pequena básica em pessoas menos

espertas.

KUNTI