Lucila acordou naquela manhã  com uma saudade imensa de seu País. Sentia mais isso quando a paisagem lá fora era acinzentada por meses, e sabia que teria que enfrentar um longo periodo dentro de casa.
O dia havia amanhecido frio, e sentiu saudade dos dias ensolarados do Brasil, de misturar-se com as pessoas na rua, e de deixar rolar aquela alegria e aquela energia que com o tempo se fazia tão necessária em sua vida.


Há muitos anos atrás havia tomado um destino diferente, indo morar nos Estados Unidos, para tentar uma vida nova. Seria um estágio por somente 3 anos -  o tempo passou e ela acabou ficando uma vida.

Tomando seu café,  olhava para os floquinhos de neve no vidro da sala; refletiu, naquele momento, o quanto queria voltar para o lugar onde estava seu coração. Mas... onde ele estaria? Colocou a mão em seu peito, e ele parecia estar dividido.

 

Sentiu-se amargurada ao pensar que se voltasse um dia para sua terra, não deitaria a sombra de uma palmeira que com certeza não estaria lá. Ou não poderia colher uma flor, que já não mais existia. Nada seria como antes, porque o tempo muda o cenários – mesmo que os atores sejam os mesmos, e é  preciso continuar o teatro da vida.

Mas não são somente os cenários. O tempo muda também algo interiormente, quando o desassossego causa um  rombo na alma. Ela fez  tantos planos, mas se perdeu nos enganos de tentar esquecer. Impossível nao lembrar tão vivamente  aquela sensação de vida plena.

Mas Lucila  já sabia que mais tarde se sentiria repartida, e que essa dualidade não teria cura. Afinal a vida é feita de escolhas.  E ela havia feito a sua.

 

 

Musica: Sabiá

Letra e Musica: Chico Buarque e Tom Jobim 

 

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Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 26/07/2022
Código do texto: T7568211
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