Era uma tarde maravilhosa, quando Luiza sentou-se para admirar o pôr-do-sol, um de seus momentos preferidos. Naquela hora podia até enxergar Deus sentado, com suas tintas e pincéis, fazendo um quadro magnifico ao fechar aquele dia.
A avó passava com sua neta autista. A menina ria alto de tudo, dando comida aos patinhos, numa ingenuidade comovente. Aquela cena parecia um filme, e casava tão bem com aquele pôr-do-sol. Como se fosse um plano de Deus colocá-la na paisagem de Luiza, para uma reflexão momentânea.
De repente ouviu a musiquinha do carro de sorvete, e dirigiu-se à janela a tempo de ver as crianças correndo com suas moedinhas na mão. Aquele era um cenário tão próprio do verão! Olhar a felicidade em seus rostinhos corados lambendo aquelas bolas coloridas nao tinha preço.
Foi para a cozinha pensando em fazer um café. Afinal, tem gente que acha que não dorme se toma café a noite. Para Luiza, aquilo era ficção, isso que dava um conforto na alma.
Voltou para sua área quando quase anoitecia e havia ainda cores lindas no céu para ela admirar. Com certeza, Deus sabia que ela voltaria. Suspirou.
Ele acabara de traçar o caminho de seu dia, e tudo que ela pensava agora era mergulhar na beleza daquele momento.
Sorriu interiormente - numa cumplicidade celestial - sabendo que Ele estava sempre tentando dirigir seus olhos para o momento único da estrada.