O belo sorriso nos lábios pintados de vermelho
Havia quase um ano não que ele não voltava pra Milão. Mas ao toca no solo italiano, várias lembranças lhe veio na mente. O gosto do vinho tinto lhe adoçou os lábios, a lembrança da bela moça atrapalhada que conheceu e visitou sua cama lhe esquentou o corpo e o simpático casal Bernardelli tão diferente dos ricos que conheceu.
Saiu da estação central de Milão e seguiu pela Piazza Quattro Novembre, pouco movimentada, e numa banca de jornal se informou onde poderia alugar um carro. Depois de comprar o La Repubblica foi informado onde alugar um perto de onde estava.
Alugou um Fiat 124 Spider de 2019 conversível. Era um carro seminovo e que o agradou. A temperatura estava agradável, era uma tarde de sol e o termômetro marcava 29 graus. Abaixou a capota do Spider e, depois de acomodar a mala no banco do passageiro, dirigiu pelo centro, com paciência e calma, ao contrário do trânsito e das buzinas impacientes.
Gideon Argov estava indo ao Lago de Como. Visitaria mais um milionário dono de uma fortuna e um monótono e enjoado estilo soberbo. Estava acostumado a tratar esse tipo de gente, sabia como lidar com eles. O que o fez aceitar a vir pra Milão era a moça encantadora que o enfeitiçará. Ela caminhava, ciente dos olhares que despertava, com um belo sorriso nos lábios pintados de batom vermelho e suas compras nas mãos. Caixas em uma mão e a sombrinha e a saia um pouco levantada na outra mão. Embora a pintura estivesse um pouco apagada e outros sinais de mal cuidado a The Milliner on the Champs Elysées de Jean Béraud ainda esbanjava sensualidade e leveza em seus gestos.
Se livrou do trânsito caótico da cidade e já dirigia com velocidade um pouco acima da permitida pela SS340 nas margens do Lago de Como. Em poucos minutos estaria de frente com a Chapeleira na Champs Elysees. Seu coração acelerou.
Wesley Rezende