A PROVIDENCIAL SURPRESA
Aquele seria o último jantar. Não podia vacilar. Tinha que ser persuasivo, positivo. Nas tentativas anteriores, fora um tanto quanto indeciso. Acabando por desistir. A ideia seria agora, usar todo seu argumento, para acabar de vez, com aquele casamento. Não podia continuar, fingindo ser esposo fiel. Teria que se divorciar. Sua esposa não merecia sua traição conjugal.
Chegaram enfim ao restaurante. Sentaram-se à uma mesa, que dava vistas pro lago. Pegou imediatamente, o binóculo reservado aos clientes. Queria tirar uma dúvida, que surgiu naquele instante, se aquela não era a lancha da sua querida amante. Qual não foi sua surpresa, ao ver com seus próprios olhos, sua amante com outro homem, trocando carícias e afagos. Quase desmaiou sobre a mesa. Mas conseguiu disfarçar. Durante todo o jantar, ficou a observar, a refletir e comparar, sua esposa, com sua amante. Suas palavras sensatas, sua voz adocicada, seus gestos, seu doce olhar. Refletiu rapidamente, na loucura que ia fazer, trocar sua linda esposa, por uma mulher qualquer, uma mulher traidora. Mas pensou também, e eu? Também não sou traidor?
Teria então dali pra frente, que manter aquele segredo. Modificar seu caráter. Viver bem com sua esposa, que agora parecia, mais atraente, mais bela. Mas sua consciência dizia, que na verdade devia, revelar tudo a ela.
Mas se agora fosse ela, a querer se divorciar?
Ficou na dúvida então, revelar a ela ou não?
Eu, como contador dessa história, sei o desfecho final.
Mas deixo aos distintos leitores, a liberdade de opinar. Ele devia ou não revelar?