Crônicas de Boxe - O Bar da Hilda

Carlos era cristão e um boxeador aposentado. Estava desempregado há quase um ano, desde que terminou seu relacionamento e sua sogra o dispensou do serviço que ele fazia para ela. Vivia fazendo uns bicos aqui e ali, principalmente para as pessoas da igreja onde congregava. Lá também recebia a cesta básica e dava aula de boxe para jovens e adultos. Malhava na academia popular da praça e treinava seu boxe em qualquer lugar.

Dayana havia se separado há pouco tempo e sua vida estava uma bagunça. O marido saiu de casa e a deixou cheia de problemas para resolver, principalmente os da casa. Sua melhor amiga, Giovana, congregava na mesma igreja que Carlos e o indicou para fazer uns trabalhos na casa da amiga. Dayana não era da igreja e ficou receosa de chama-lo para os serviços. Demorou um pouco, mas ela deu o braço a torcer e o chamou.

Era uma segunda-feira. Carlos tocou a campainha as 9 da manhã em ponto, como tinham combinado. Dayana ficou surpresa e o olhou de cima a baixo. Ela esperava um senhor de meia-idade meio brusco, mas o que viu foi um moreno alto de mais ou menos 1 e 90, musculoso, careca, com um cavanhaque bem desenhado e muito cheiroso. Carlos notou a reação da mulher e apenas sorriu graciosamente dizendo:

— Senhora Dayana?

A voz grossa e firme a deixou ainda mais corada.

— Sim, você deve ser o Carlos.

— Isso mesmo.

— Entre, entre.

— Com licença.

Carlos tirou o tênis e entrou.

— Giovana fez ótimas recomendações sobre o senhor. Disse que tu é bom em todas as necessidades da casa. — Sorriu. — E olha tem muita coisa para se fazer aqui.

— Então... Por onde eu começo?

Dayana o levou até a cozinha.

— A pia está entupida e essa tomada não funciona.

Carlos tirou a mochila das costas e olhou seu material.

— A pia eu consigo desentupir agora, mas a tomada terei que voltar em casa para pegar meu material.

— Ta joia.

Carlos começou o serviço em silêncio, mas Dayana o quebrou:

— Então vocês se conhecem da igreja?

— Sim. Giovana é uma boa irmã.

— É casado?

— Não, senhora.

— Eu sou divorciada. Meu marido arrumou outra e saiu de casa deixando essa bagunça.

— Lamento, muito. É triste para mim, como Cristão, ver esse tipo de situação.

— É! Ainda bem que não tivemos filhos. Ficamos casados só 2 anos. Ele é fisioterapeuta e tem o próprio escritório. Foi lá que ele se rendeu aos gracejos de uma cliente.

— Infidelidade é algo triste.

— E o senhor, já foi casado?

— Não. Já tive alguns relacionamentos que por N motivos não deram certos.

— Entendi.

Fez-se silêncio por algum tempo e Carlos terminou o trabalho.

— Prontinho, pia desentupida. Agora vou ver essas tomadas.

— Está bem. Há quanto tempo está sozinho?

— Solteiro! Deus é comigo. Tem quase um ano.

— Uau. Mais tempo do que eu. Posso perguntar o que aconteceu?

Carlos sorriu negligentemente.

— Estávamos juntos a quase 3 anos. Batalhávamos grana e estávamos juntando para nos casar. Só que quando a gente completou 1 ano e meio de relacionamento aconteceu algo na minha vida e eu me converti. Aí as coisas começaram a desandar. É vou ter que ir em casa pegar um material. Já volto.

Dayana o levou até a porta e correu para seu quarto. Tomou um banho e parou nua na frente do espelho. Era uma caucasiana de longos cabelos loiros, 1,60 de altura e um porte físico normal, não era gorda, nem magra. Abriu a gaveta e pegou um vestido preto levemente transparente e um pouco justo. Passou desodorante e borrifou um pouco de perfume. Aplicou um pouco de maquiagem e voltou ao espelho para se olhar novamente.

— Gata!

Carlos voltou minutos depois. Dayana abriu a porta e abriu um largo sorriso. Ele a olhou de baixo a cima e reparou que ela estava sem sutiã e não havia marca de calcinha, estranhou e foi direto para a cozinha. Dayana foi atrás.

— Confesso que fiquei curiosa com sua história. Deve estar sendo duro para você.

Ele riu e tentou sair dos holofotes.

— Como está sendo pra senhora?

— Bem... Dói ser trocada, mas a gente já não estava tão bem. Ele passava mais tempo fora e nos últimos meses estava mais aéreo. Eu já não sabia bem o que sentia por ele e a vida de dona de casa, de beatinha, estava me torturando.

— Vocês buscaram alguma ajuda?

— Não deu tempo. — Ela riu sem graça. — Eu poderia ter perdoado qualquer coisa, mas traição não.

— Vocês casaram no civil e no religioso?

— Sim.

— Então qual dos dois vai morrer?

Ela recuou um pouco assustada.

— Como assim?

— Ué, vocês não juraram que ficariam juntos até que a morte os separasse? Alguém ai vai ter que morrer.

— Então vai ter que ser ele, pois ele quem quebrou o voto de fidelidade.

— Errada você não está.

Carlos continuou trabalhando.

— Então as coisas começaram a dar errado quando você se converteu?

— É... — Fez força para puxar um de fio da parede e seus braços contraíram. Dayana mordeu o lábio inferior. — Nem todo mundo suporta. A vida com Deus é maravilhosa, mas é baseada em obediência, que gera sacrifício. Eu abdiquei de muita coisa e minha vida só melhorou, para a honra e glória DELE. Mas Morgana não suportou.

— Ela te traiu? — Perguntou sem tirar os olhos dos braços dele, que contraiam a cada aparafusada que ele dava.

— Não. Ela só escolheu não sacrificar.

— Que tipo de sacrifício você fala?

Carlos se afastou da pia.

— Me arruma um copo d’água?

Dayana abriu a geladeira e o serviu.

— Obrigado.

Até os goles que ele dava na água estavam deixando-a excitada.

— Hein?

— O que?

— Que sacrifícios?

Carlos a olhou.

— Sexo, por exemplo. Como convertido e batizado, eu não poderia viver na fornicação sem estar devidamente casado. Ela não aguentou.

Dayana arregalou os olhos.

— Vocês está sem transar há quanto tempo? — Ele sorriu para ela e não respondeu. Dayana começou a fazer contas de cabeça e chegou a um número. — Meu Deus. Isso tudo? Eu não aguentaria também não. Eu estou aqui já subindo pelas paredes.

— Pronto! Tomada funcionando.

Dayana fez o teste, aprovou o serviço e o levou até a sala.

— Foi um ótimo papo, fiquei curiosa com sua história e com você.

Carlos riu.

— Obrigado.

— Quanto te devo?

— São R$ 160,00.

— Só isso? Você fez tanta coisa. Desentupiu a pia, consertou a tomada e me contou uma ótima história.

— Obrigado novamente, mas o justo é o justo. Foi serviço simples de fazer.

— Me passa seu pix. — Carlos passou enquanto ela realizava a transação no celular perguntou: — Tem mais algum trabalho para fazer?

— No momento não, mas Deus queira que sim!

— Que tal ficar para almoçar?

Carlos temeu as intenções de Dayana e lembrou da passagem bíblica em Tiago 4:7 “Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês.”

— Obrigado pelo convite, mas é melhor não. Vai que surge mais um serviço.

— Ei! Eu não vou te morder.

Carlos respirou fundo e fez uma rápida oração mental.

— Ta bom. Faremos assim então: Vamos almoçar fora.

Dayana arregalou os olhos.

— Está bem. Vou trocar de roupa e pegar minha bolsa.

Ela foi para o quarto. Carlos ajoelhou e se pôs a orar:

— Senhor Deus, minha vida está em suas mãos como eu sempre oro: “que seja feita a sua vontade”. Se é da sua vontade que eu siga esta mulher, que assim seja, mas me proteja e me fortifique para que eu não caia em tentação das obras da carne. O Senhor é o meu pastor e nada me faltará. Amém.

Dayana voltou de calça jeans e uma blusa branca de alça.

— Poxa, eu não estou bem vestido para andar do seu lado.

— Deixa de ser bobo. Sou mulher e a gente se arruma até para atravessar a rua.

— Posso deixar meu material aqui?

— Claro! Já sabe aonde a gente vai?

— Não...

— Então deixa comigo.

Carlos deixou a mochila com seu material na casa de Dayana e a seguiu até o carro. O trajeto não foi muito longo e eles mal se falaram no caminho. Dayana estacionou o carro na frente de um prédio com aparência deplorável e dois andares. Ao lado havia uma oficina de carros. Dayana saiu do carro. Carlos relutou, mas a seguiu.

— É o bar de uma amiga minha.

— Bar?

Carlos viu que o lugar mais parecia um prostibulo. A porta de alumínio e vidro estava aberta. Eles subiram as escadas de mármore e passaram pela porta de correr. A esquerda havia um balcão, a direita mesas e cadeiras, no centro mais no fundo havia um ringue. Carlos arregalou os olhos. Dayana rumou para uma mesa, Carlos a seguiu e puxou a cadeira para ela sentar.

— Obrigada. — Sentou. Carlos sentou de frente para ela. — Me fala mais sobre você.

Ele olhou para i ringue novamente e viu o que mesmo estava limpo.

— Porque tem um ringue aqui dentro?

— Essa minha amiga se chama Hilda. O marido dela, ex-dono daqui, morreu de covid e era um fanático por boxe. Ele organizava lutas aqui dentro e ela manteve a tradição.

— Lutas?

— Sim. Você gosta?

— Eu sou ex-lutador de boxe.

Dayana cruzou as pernas com surpresa.

— Agora tudo faz sentido. Por isso esse corpão aí.

Carlos ficou sem graça e sorriu.

— Tenho 37 anos e comecei a lutar com 12. Venci tudo nas categorias de base e me profissionalizei com 18 anos. Sempre lutando nos pesos pesados. No profissional fiz 30 lutas com 28 vitórias. Eu era o 2º do ranking nacional e ia disputar o título, mas na 30ª luta sofri uma pancada mais forte e tive que parar de lutar.

— Uau. Você é um homem interessante. O que houve?

— Fui diagnosticado com umas lesões cerebrais e os médicos me proibiram de lutar. Eu já estava com a Morgana na época.

— Então foi isso que te levou a se converter.

— Sim. Eu quase morri, vi a cara da morte e senti o fogo do inferno, mas louvado seja Deus, Jesus me salvou e me deu essa nova chance de vida.

— Desde então não lutou mais?

— Eu dou aula na igreja, faço meu treino e malho na academia popular na praça.

— Bem, eu posso te apresentar para Hilda e ver se ela te arruma um lugar para dar aula, sei lá.

— Seria ótimo.

Levantaram, colocaram seus pratos e comeram em silêncio. Carlos pagou o almoço com o dinheiro do serviço que fez para Dayana e eles voltaram para casa. Dayana entrou e o convidou para entrar.

— Uma pena Hilda não estar lá, mas vou ligar para ela agora. Entre.

Carlos sentou no sofá e Dayana ligou para a amiga. Conversaram por alguns minutos, enquanto Carlos andava de um lado a outro na sala. Dayana foi para a cozinha e retornou um minuto depois com o celular desligado.

— E aí? — Perguntou Carlos ansioso.

— Ela disse para você vir aqui em casa hoje a noite, que ela vai passar aqui pra deixar uma coisa pra mim e vai aproveitar para falar com você. Pode ser?

— Claro! De noite que horas?

— Não sei. Vou mandar um Zap pra ela e confirmar.

— Certo enquanto isso vou treinar e malhar.

— Posso ir com você?

Carlos estranhou.

— Melhor não. Entenda eu não vou te dar atenção.

— Ta bom então. Te espero mais tarde.

Carlos saiu ansioso da casa de Dayana. Treinou seu boxe e malhou sem parar de pensar na grande oportunidade que surgiu. Antes de sair de casa para ir até Dayana, orou. Carlos pôs uma calça jeans, uma blusa polo branca, meio justa e um sapatênis preto. Tirou fotos de suas medalhas, pegou seus certificados de treinador e fotos de suas lutas.

A campainha tocou e Dayana atendeu com uma taça de vinho. Carlos estava na porta. O cheiro de seu perfume madeirado fez seu corpo tremer. Dayana estava descalça e com um vestido preto um pouco mais longo que um baby-doll.

— Finalmente chegou! Entre.

Carlos entrou. Hilda levantou e sorriu para ele. Tinha cabelos prateados e olhos verdes brilhantes. Estava na casa dos 60 anos e vestia saia jeans e uma blusa florida.

— Sente-se. — Pediu Dayana. — Estamos bebendo vinho, isso você pode né? É o sangue de Cristo!

Carlos rejeitou com a mão.

— Não obrigado. Aceito uma água.

Dayana os apresentou e foi buscar a água.

— Tem um aperto de mão forte e é cristão? Gostei disso! — Disse Hilda.

— Sim.

— Isso já gera uma confiança. Dayana me falou que você é um ex-lutador e que está atrás de uma academia para dar aula?

— É! — Pegou os certificados e as fotos dentro da pasta, enquanto contava sua história para ela.

— Interessante. — Meu marido deve ter conhecido você.

— Provavelmente.

— Então, você tem todos os requisitos é só não me sacanear. Só que eu não tenho uma academia. Tenho um bar/restaurante. O que posso oferecer a você é um dinheiro para lutar.

Carlos ficou sério e suspirou.

— Lutar? — Bufou. — Não posso!

Hilda inclinou o corpo. Dayana chegou com a água.

— Desculpe a demora. Tome sua água.

— Obrigado.

Dayana notou a fisionomia diferente de Carlos.

— O que houve?

Hilda pegou a taça de vinho e bicou o liquido escuro.

— Preciso ir. Pense na proposta. Tenho boas ideias para nós dois. Quando tiver uma resposta fale com Dayana.

Dayana a levou até a porta. Carlos orou mentalmente em busca de uma direção. Dayana voltou e sentou ao lado de Carlos.

— O que aconteceu? Por que está tão amoadinho?

— Ela me ofereceu chance de lutar e não de dar aula.

— E?

— Eu não posso, esqueceu. O médico disse que se eu voltar a lutar...

— Caramba. E o que vai fazer?

— Orar e meditar na palavra sobre isso.

— Eu posso te ajudar?

— Como?

Ela arriou os ombros.

— Não sei... Apoio talvez...

Ele riu e agradeceu.

— Preciso ir.

— Não fique aqui comigo. É que eu fico tão sozinha.

— E o que faremos?

— Sei lá! Ver um filme, uma série, conversar, jantar... Posso preparar algo.

— Obrigado, mas tenho que recusar. Agradeço por sua ajuda, mas se eu ficar vai acontecer algo que eu não quero.

— O que de ruim pode acontecer?

— Eu rejeitar e magoar você.

— Isso você já está fazendo. Confesso que estou atraída sexualmente por você, mas não é só isso...

Carlos relaxou.

— A gente se conheceu hoje. Está tudo acontecendo muito rápido. Vamos com calma.

Dayana entendeu.

Carlos voltou para casa e começou um propósito de oração e meditação na palavra, afim de encontrar auxilio de Deus sobre a proposta de Hilda. Durante a semana voltou a casa de Dayana para lixar e pintar um quarto, mas mal conversou com ela. Hilda o ligou na sexta-feira a noite, quando ele terminava de malhar.

— Ocupado?

— Não.

— Pensou na minha proposta?

— Tenho pensado.

— Então, eu, fiz uns contatos... Você é bem conhecido na área. Surgiram algumas propostas para seu retorno...

— Estou ouvindo.

— O Presidente da Associação de Boxe é meu amigo e concordou em promover suas lutas. Consegui uns patrocínios para você também. Se você concordar em voltar, posso te garantir uma boa quantia.

— Parece interessante, mas não sei ainda...

— Pois bem, me ligue até quarta que vem.

Hilda desligou. Carlos ficou tenso, estressado, ansioso e preocupado. Foi até a igreja e procurou o pastor. O pastor passava dos 60 anos, era caucasiano, baixo, magro, careca e seus olhos eram castanhos claros.

— Meu filho — Disse o engravatado servo de Deus. — Você está desempregado e falido. Tem orado a Deus por uma saída e tudo indica que ela surgiu. Acredito que Deus está te dando os limões. Faça a escolha.

Carlos saiu da igreja pensativo e um pouco injuriado. Caminhou sem rumo por horas e só parou para atender a ligação de Dayana. Ele olhou para a tela do celular por uns segundos.

— O que será que ela quer? Pode ser trabalho e eu preciso... Droga vou ter que atender. Alô...

— Oi. Tudo bem? Tem como você vir aqui em casa? Aconteceu um incidente.

Carlos olhou o relógio.

— São 9 horas da noite. O que houve?

— Vem aqui é melhor, eu te pago adicional noturno.

Carlos desligou, pegou suas ferramentas e foi. Ele chegou quase 11 da noite e se deparou com Dayana de pijama e um banheiro inundado. Carlos fechou o registro e começou a investigar a causa daquilo, enquanto Dayana o observava inquieta.

— Você aceitou a proposta de Hilda?

— Ainda não.

— Vai aceitar?

Ele soltou a ferramenta no chão.

— Não sei. Estou confuso.

— Eu não sei como anda sua vida, mas ela me mostrou os números e se eu fosse você...

— Ta bom, eu aceito e você luta.

Dayana ficou corada de raiva, engoliu em seco e recuou.

— Não precisa ser grosseiro.

— Me desculpe...

Por volta de 1 da manhã, Carlos identificou e resolveu o problema. Era uma ratazana morta e embolada em cabelos na tubulação.

— Pronto. Resolvido.

— Quer tomar um banho?

— Não. Farei em casa.

— Quanto te devo?

— R$ 160,00

Dayana fez o pix e falou singelamente:

— Eu não sei se Deus já te respondeu, ou quantas pessoas já te aconselharam. Sei também que a gente mal se conhece e que eu nada represento em sua vida, mas aceite a proposta.

No domingo a noite, depois da aula de boxe na igreja, um dos alunos de Carlos se aproximou e perguntou:

— E aí professor, quando é que vou te ver lutando?

Carlos arriou os ombros e respondeu meio sem jeito:

— Quem sabe um dia.

A quarta-feira chegou. Carlos fez um serviço pela manhã, treinou de tarde e malhou de noite. Foi para casa e olhou a sua situação. Morava em uma kitnet, vivia de bicos e cestas básicas, não tinha muito estudo ou formação, a única coisa que sabia fazer (e bem) era lutar e dar aula. Hilda ligou no mesmo horário da outra vez.

— Tem uma resposta?

— Sim, tenho. Aceito.

— Muito bom. Quer vir aqui ou me encontrar na casa de Dayana para assinar o contrato?

— O que você quiser.

— Então venha até aqui, no bar, amanhã meio-dia.

Carlos desligou e achou justo ligar para Dayana.

— Oi Carlos.

— Boa noite.

— Boa.

— Então, estou te ligando pra agradecer e te falar que aceitei a proposta de Hilda.

Dayana gargalhou na linha.

— Que bom! Fico feliz. Não precisa agradecer. Sei que a gente se conhece pouco, mas você me parece um bom homem.

— Obrigado. Vou amanhã lá assinar os papéis.

— Que legal, posso te levar se quiser.

— Pode ser.

— Que horas?

— Meio-dia.

— Feito.

No dia seguinte Dayana o levou até o bar. Estavam lá o presidente da Associação de Boxe, que o reconheceu e trocaram lembranças, o dono de uma grande loja de varejo, o dono de uma franquia de fastfood e Hilda. Eles almoçaram e conversaram sobre o contrato, que ficou fechado da seguinte forma: Carlos receberia por mês uma ajuda de custo de R$ 1.100,00 de Hilda para treinar, mais R$ 200,00 de patrocínio da loja de varejo e R$ 500,00 da franquia de Fastfood. O presidente da Associação o recolocou no ranking e ofereceu uma bolsa de R$ 5.000,00 para a primeira luta.

Carlos aceitou o convite de Dayana e eles saíram para jantar e comemorar. Ela estava linda com um belo vestido vermelho sem decote e salto alto. Ele de blusa polo branca, perfumado e calça jeans. O dinheiro dele já havia caído e ele pagou a conta. No dia seguinte ele recebeu o material de divulgação das marcas e foi com Dayana até sua antiga academia.

O ginásio não passava por reformas há anos. Era um galpão. Carlos atravessou a porta dupla e pediu para a recepcionista chamar o seu ex-treinador. O velho treinador de Carlos quase caiu para trás ao vê-lo. Era um senhor bem moreno de quase 70 anos, com cabelos e bigode grisalho.

— O Bom filho a casa retorna! — Se abraçaram — O que faz aqui?

— Vou voltar a lutar!

— É o que? — Gritou o velho assustado. — Ficou louco? Quer morrer?

Dayana recuou um pouco assustada. Carlos riu.

— Não. Não quero. Essa é Dayana, minha amiga. Dayana esse é Walter, meu treinador.

— Prazer. — Ele apertou a mão dela. — Venha, vamos para meu escritório.

Passaram pela roleta. Dayana ficou vislumbrada com os equipamentos e os ringues.

— Então foi aqui que o senhor Carlos se tornou um pugilista? — Brincou ela.

— É. — Sorriu ele.

Entraram na sala do treinador e sentaram. Carlos contou tudo que havia acontecido.

— Meu filho, eu te entendo, mas eu estava lá e vi quando você caiu. Eu estava lá e vi quando o médico disse claramente que se você voltasse a lutar morreria ou ficaria louco.

Carlos abaixou a cabeça e a sala ficou em silêncio por alguns segundos.

— Walter... Eu sempre te obedeci e segui exatamente o que você me ensinou. Desde que meu pai morreu você foi um pai para mim. — Dayana ficou surpresa e viu as lágrimas rolarem pelo rosto de Carlos. — O boxe, depois de Deus, é tudo para mim e eu não consigo viver sem. Eu estou desempregado e falido, não sei fazer outra coisa...

— E por que você não me procurou. Eu poderia te colocar como professor aqui. Você é uma lenda aqui dentro.

— Orgulho, mestre, orgulho.

— Esse seu orgulho poderá te levar à morte..., mas, enfim, o que está feito está feito. Quero você aqui segunda, quarta e sexta as 6 da manhã sem hora para ir embora. — Carlos sorriu e levantou a cabeça surpreso. — Terça e quinta você vai treinar sozinho, vou te passar os exercícios. Finais de semana será de descanso, no máximo uma corrida e minha filha vai te passar a dieta.

— Obrigado, Walter. Por falar nisso e como está Rachel?

— Ela rumou para o Muay Thai, casou com o Bruno e abriram o consultório deles de nutrição esportiva, mas continua me auxiliando.

Carlos assentiu com a cabeça e olhou para Dayana.

— Rachel é a filha dele, uma irmã para mim. A gente treinou junto, namorou na adolescência, mas aí esse cara, o Bruno tinha mais tempo pra ela que eu, que só queria saber de boxe.

Dayana deu de ombros.

— Então é isso. — Walter levantou. — Eu tenho mais o que fazer. Até segunda e nada de furunfar hein. — Olhou para os dois.

Carlos meneou a cabeça e Dayana corou.

— Não, não e não. Ela é só minha amiga e o senhor sabe que comigo só depois do casamento.

— Desculpe a indiscrição — Ficou sem graça. — Esqueci que você é cristão fiel.

Carlos e Dayana entraram no carro.

— Então seu pai morreu? — Perguntou ela.

— Sim. — Respondeu meio sem vontade.

— De que?

— Não sei. Na verdade ele “foi comprar cigarro”.

Dayana Franziu o cenho.

— Não entendi. — Deu partida no motor.

— Ele me abandonou. Saiu de casa e me deixou com minha mãe na miséria.

— Você tinha quantos anos?

— Uns 10.

— Que triste. Sinto muito. Te conhecendo assim, por partes, eu me sinto mal por você.

— Porque?

— Sua vida parece ter sido cheia de lutas, não só nos ringues, mas também fora deles.

— Você não faz ideia.

— Vamos para onde agora?

— Pretendo descansar e começar a divulgar essas marcas nas redes sociais.

— Quer ajuda.

— Será ótimo.

Carlos a levou para sua kitnet e ela ficou espantada não só pelo tamanho e miséria do lugar, mas também com a organização e limpeza do mesmo.

— Acabo de descobrir mais uma coisa de você.

— É mesmo, o que?

— Você é limpo e organizado.

— É nunca gostei de bagunça e Deus não se agrada de sujeira. Quem vive na sujeira é o diabo.

— Entendi.

Eles foram para a casa de Dayana e passaram o dia tirando fotos, criando e publicando propagandas nas redes sociais. De noite, Carlos ajudou Dayana na cozinha e juntos fizeram o jantar. Jantaram e conversaram um pouco na mesa.

— Gostou? — Perguntou ela.

— Sim. Faz tempo que não como tão bem. Sabe, você vem descobrindo muita coisa sobre mim e eu nada de você...

Ela apoiou os cotovelos na mesa e sorriu para ele.

— O que quer saber?

— Não sei... De onde você é, quem são seus pais, sua história de vida...

— Está bem. Vamos brincar de jogo da verdade.

Carlos riu.

— De volta a adolescência.

— Meu nome é Dayana Berteph, tenho 30 anos e sou formada em psicologia. Descendente de húngaros. Fui casada como você sabe e estou em processo de divórcio. Não tenho filhos, nem quero ter. Atualmente vivo com a mesada que meu pai me dá e estou juntando para montar meu consultório. A propósito meu pai é aposentado da Marinha e minha mãe é professora aposentada. Eles moram na Região dos lagos e eu não tenho irmãos. Acho que só.

— Mais detalhado impossível. Eu sou Carlos Silva, tenho 37 anos e tenho segundo grau completo. Descendente de Brasileiros mesmo. Nunca fui casado. Sou cristão protestante. Não tenho filhos e ter eu não quero, mas minha vida está nas mãos de Deus. Estou desempregado, quer dizer, estava. — Sorriu. — Minha mãe mora na favela onde cresci, lá na zona norte.

Carlos lavou a louça enquanto Dayana tomava um banho. Depois eles se despediram e ele foi para casa. O fim de semana voou. Carlos e Dayana passaram todo fim de semana passeando. Dayana foi no culto de domingo com Carlos e até gostou.

Dayana o pegou as 5:00 da manhã de segunda, o levou para o treino e acompanhou o treinamento pesado do rapaz. Começou com uma corrida de 3 km na esteira, depois foram 12 rounds batendo no saco de pancadas, mais 5 de sombra, mais 5 de trabalho de pernas, mais 12 rounds de luta treino. Dayana ficou cansada só de ver. Chegaram em casa quase 7 horas da noite. Carlos estava exausto e desmaiou na cama.

Essa foi a rotina de Carlos por quase 1 mês. Sua luta de retorno estava marcada e faltava uma semana para o grande dia. Hilda rodou panfletos e cartazes e espalhou na cidade, contratou um carro de som e fez propaganda na internet. Ela esperava a casa cheia. Enquanto isso o nervosismo e a ansiedade de Carlos só aumentava. Dayana tentava ajuda-lo e conforta-lo. O elo entre eles crescia a cada dia.

O grande dia chegou. A casa estava lotada. Carlos foi para a igreja de manhã e orou por proteção. Tinha certeza que nada aconteceria, pois havia feito inúmeras lutas treino e nada tinha acontecido, nem uma dor de cabeça. Dayana o apoiou a todo momento, nem dentro da igreja ela saiu de perto dele e orou junto. De tarde ela o levou até o bar da Hilda. A casa estava lotada, muita gente do lado de fora e Hilda teve que colocar um telão lá. A luta de Carlos era a principal e ele lutaria contra o 19º do ranking, um jovem de 19 anos, 1,90 de altura, 122 kg e um cartel amador de 300 lutas com mais de 200 vitórias. Walter o aguardava no vestiário.

— Finalmente! Se liga, o garoto é bom. Tem um cartel amador incrível e um cruzado devastador. Vai ser experiência contra juventude. Você tem que evitar a luta próxima, trabalhe na distância e procure encaixar golpes no barrigão dele. Ele é mais obeso do que forte, está acostumado a lutar 3 rounds, então canse-o.

Carlos assentiu. Dayana não entendeu nada, pôs a mão no ombro dele e sussurrou:

— Você é o melhor. Deus é contigo e você vai vencer.

Walter colocou o roupão em Carlos. Era branco com adornos dourados e cheio de propagandas. José, o médico da equipe, sorriu.

— Esse roupão aí é um abádá. Parece até o uniforme do Bahia.

— Vamos ganhar um trocado com isso. — Retrucou Walter batendo no ombro de Carlos.

O momento chegou. Hilda pegou o microfone e subiu no ringue.

— E agora, o grande momento. Todos aqui conhecem Carlos Silva, que quase foi campeão brasileiro e havia sumido do cenário, mas agora ele ressurgiu e está aqui para conquistar o que nunca veio. — Todos aplaudiram. — No corner azul, vindo da baixada fluminense, direto de Nova Iguaçu, pesando 122 kg... Joilton “Tarta” Souza. — O lutador subiu no ringue e era realmente obeso, parecia um personagem de anime sem camisa e calção preto. — No corner vermelho, ele que já foi considerado o sucessor de Maguila, com um cartel de 30 lutas e 28 vitórias, sendo 25 por nocaute, pesando 95 kg... Carlos “O furacão” Silva!

O bar foi abaixo. Muitos amigos e pessoas que admiravam as lutas de Carlos, na época que ele lutava, estavam lá e aplaudiram de pé. Dayana desejou boa sorte e Carlos foi em direção ao ringue. Estava na sua melhor forma e usava um calção vermelho e preto em homenagem ao flamengo de sua mãe.

— Você não vai assistir? — Perguntou ele por cima do ombro.

Ela sorriu.

— Não. Vou esperar aqui.

O arbitro se aproximou e ditou as regras. Os lutadores tocaram as luvas. O gongo bateu, agora era a hora da verdade. Joilton versus Carlos. 20º contra 19º. Juventude e força contra Experiência e agilidade. Eram só eles. O público observava atentamente a movimentação dos dois. Carlos girava e disparava rápidos socos de esquerda (os famosos Jabs). Torta esquivava, bloqueava e tentava reagir e se aproximar. O primeiro round vou quase todo assim. O gongo bateu. Carlos sentou e Walter veio em seu ouvido.

— Muito bem. Socou muito e foi pouco atingido. Ele está receoso e está tentando administrar o gás. Serão 6 rounds. Coloca uma pressão.

O gongo bateu para o início do 2º round. Carlos começou a se mover e aumentou o número de golpes. Tarta se defendeu mais e tentou perseguir seu oponente. Carlos saltava na ponta dos pés, entrava batia de 3 a 4 vezes e saia rapidamente. Tarta tentava se aproximar para socar, mas Carlos era mais rápido. O gongo suou novamente. Tarta já estava ofegante, pois havia corrido atrás de Carlos o round inteiro. Carlos ainda estava inteiro.

— Certo! — Disse Walter em seu ouvido. — Ele está cada vez mais cansado. Nas minhas contas vencemos os dois rounds. Administra.

O gongo soou para o 3º round. Tarta partiu pra cima com tudo e encurralou Carlos. Uma saraivada de golpes atingiu o veterano, que circulou para fugir da pressão. Tarta tinha vindo pro tudo ou nada. Carlos não conseguiu mais impor seu ritmo e sofreu um pequeno castigo. Ao fim do 3º round, Tarta estava muito mais cansado e Carlos mais amassado e dolorido.

— Cansei... Ele é forte, muito forte. — Reclamou Carlos. — Minhas costelas doem e eu estou com dificuldade para centraliza-lo. São os efeitos que o médico falou.

— Calma! Calma! — Gritou Walter. — Escuta... – Sussurrou. — Estamos vencendo por 2x1 ainda faltam 3 rounds. Ele está cansado. Se mova e pontue.

O Gongo bateu, começou o 4º round. Tarta partiu para cima novamente e Carlos não conseguiu fugir. Um cruzado de esquerda de Tarta atingiu a cabeça de Carlos e ele começou a ver tudo preto com um dos olhos. O desespero e os pensamentos ruins assolaram sua mente. Walter notou o olhar vago de Carlos e começou a grita para ele se concentrar, enquanto isso Tarta o castigava. Um direto levou Carlos a ajoelhar na lona e o juiz abriu a contagem. Tudo ficou escuro para Carlos e ele não ouvia nada. Só pensava que ia morrer. As pessoas em volta cochichavam e meneavam a cabeça. Tarta foi para o corner neutro contendo a comemoração. O juiz contava:

— 5...

— Eu vou morrer... — Balbuciava Carlos.

— 6... 7... 8...

O gongo bateu e Carlos foi salvo pelo gongo. Levantou sozinho e sentou no banco. Walter veio em seu ouvido.

— Acorda. Você está bem! Perdemos mais esse round, mas ainda dá para vencer a luta. Estamos com um empate. 2 rounds para ele e 2 para você. Faltam 2. Eu acredito em você, Dayana acredita em você, muitos aqui vieram pra te ver, porque acreditam em você. Vai lá e prova pra quem veio ver um jovem bater num idoso que eles estão errados.

Carlos levantou motivado, mas não enxergava nada com o olho direito. O juiz se aproximou dele.

— Escute, rapaz, se cair de novo eu acabo com a luta. Você entendeu? Está tudo bem?

— Sim.

O gongo bateu. Tarta partiu pra cima disposto a terminar a luta. Carlos ciscou e fugiu das investidas do oponente. Tarta estava cansado, sua movimentação estava quase nula e seus golpes pesados estavam mais lentos. Carlos não estava cansado, mas estava cego de um olho e cheio de dores. Ambos se mostraram grandes guerreiros naquele round e foram aplaudidos de pé ao fim dele.

— Não sei como foi esse round, mas acho que levamos. — Disse Walter. — Escute, você ainda está inteiro e tem gás. Ele está só o bagaço. O knockdown que ele te deu vai pesar na decisão, então se quer vencer essa luta, vai ter que nocautear.

— Sim.

Dayana saiu do vestiário para acompanhar o último round. Carlos a viu e sorriu. Os dois foram para o centro do ringue e tocaram as luvas. O gongo bateu. 6º e último round. Carlos manteve a distância socando e se movendo em círculo. Tarta bloqueava e tentava encontra-lo no ringue. Carlos soltou um reto de esquerda, Tarta esquivou e foi para cima como um animal. Carlos deu um passo para o lado e o evitou. De repente a luta ficou acirrada e os lutadores começaram a trocar muitos golpes. O público ficou excitado e eufórico. Dayana fechou os olhos e abaixou a cabeça. Tarta percebeu a guarda baixa de Carlos e atacou com uma sequência de cruzados. Os golpes foram rápidos e fortes. Carlos bloqueou o primeiro, mas os outros 2 o atingiram em cheio. Ele sentiu e caiu de quatro. O juiz abriu a contagem.

— 1... 2... 3...

Carlos buscava o ar. Tudo girava. Sua cabeça latejava e seu corpo parecia querer desligar. Dayana abriu a bolsa e tirou um pequeno cartaz.

— 6... 7...

— Carlos Silva! — Gritou Dayana.

Carlos ouviu a voz dela em meio a contagem e os gritos de vai morrer da torcida adversária e levantou a cabeça. Dayana segurava o cartaz que dizia: “Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar" - Josué 1:9. Havia também a assinatura dos alunos de boxe da igreja.

— 8... 9...

Carlos levantou. Tarta engoliu em seco e se assustou. O juiz se aproximou e analisou o estado de Carlos.

— Estou bem! Estou bem!

— Mais um desse e eu paro a luta. Dê um passo à frente. — Carlos deu. — Muito bem. Lutem.

A visão de Carlos voltou ao normal, sua cabeça parou de doer e ele se moveu e bateu em Tarta, que só bloqueou para administrar a vitória. Carlos passou a dominar as ações do combate com golpes fortes e agilidade. Tarta estava cansado e mal conseguia levantar os braços para se defender. De repente Carlos achou uma brecha e desferiu um ganho na boca do estomago de Tarta levando-o a lona. O público aplaudiu, gritou e urrou. O Juiz abriu contagem e Tarta levantou no 3. A luta recomeçou e Tarta voltou ao combate com sede e fome de vitória. Ele colocaram um novo ritmo na luta e fizeram o povo ir a loucura. A luta ficou mais acirrada. Golpes eram lançados. Os oponentes esquivavam. Até que Carlos encaixou outro ganho na barriga de Tarta, que cansado e ofegante caiu novamente de joelhos. O juiz abriu a contagem. O jovem buscava o ar desesperadamente.

— 5... 6... 7... 8...

Tarta levantou, mas estava nitidamente exausto. Eles foram para o centro do ringue e o juiz mandou a luta recomeçar. Os três estalos soaram. Faltavam 10 segundos para a luta acabar. Tarta partiu para o tudo ou nada, mas foi em vão. O gongo bateu. Carlos pulou de alegria e chorou. Dayana comemorou e subiu no ringue com Walter. A emoção tomou o lugar. Todos aplaudiram a luta.

— Eu consegui! Eu consegui! — Choramingava Carlos abraçado a Walter.

— Sim. Você é o melhor.

Dayana parou na frente dele e o abraçou.

— Obrigado, não teria conseguido sem você. — Disse ele.

Ela conteve as lágrimas e o abraçou.

Hilda pegou o microfone e subiu no ringue. Carlos abraçou Tarta e a equipe do jovem.

— Você é promissor garoto, muito promissor!

— Obrigado. Você é muito bom ainda.

Os juízes entregaram o resultado oficial para Hilda, que falou:

— Tivemos uma luta e tanto aqui hoje, hein! Vamos aplaudir esses dois guerreiros. — O público aplaudiu. — Vamos agora ao resultado oficial. O Juiz 1, o senhor Fratero Lobato pontuou 56 para Tarta e 57 para Carlos Silva. O Juiz 2, o senhor Álvaro Ramos pontuou 58 para Tarta e 56 para Carlos Silva. E agora para desempatar o Juiz 3, o senhor Vigário Rocha pontuou 57 para Tarta e... — Fez uma pausa. — 57 para Carlos Silva. Tivemos um empate. Parabéns aos lutadores.

O público aplaudiu. Carlos e Tarta cumprimentaram as equipes rivais e desceram do ringue. Carlos envolveu os ombros de Dayana com seu braço e agradeceu novamente. Ela sorriu.

Erich Noronha
Enviado por Erich Noronha em 29/06/2022
Reeditado em 29/06/2022
Código do texto: T7548920
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