DESISTÊNCIA

Jairo estava decidido, ia dar um basta na sua relação com Luana, não agüentava mais tamanha humilhação. Lhe dava bastante carinho e amor, dava tudo que era necessário, tudo que um homem poderia oferecer para uma mumher. Era isso, mentalizou até as palavras que seriam dirigidas a ela, era somente esperar que Luana chegasse do trabalho. Dera um duro danado, lavara os pratos e arrumara a casa, estava exausto. Olhou o relógio folheado a ouro que fôra presente dela, ainda era cedo da tarde, ela só chegaria por volta das cinco e meia. Ensaiou direitinho o que logo mais diria para a amada que até julgava estar lhe traindo:

- Luana, preciso lhe confessar uma coisa.

- Diga, meu bem (imaginação dele).

- A gente já tá a um bom tempo nessa relação, a gente se ama, mas...

- Mas o que? Onde quer chegar? (Isso ele imaginando o que ela diria).

- Veja bem, eu...

- Eu o que? Tá querendo se sair? (Pergunta dela na imaginação dele).

- Não se altere, tô só...

- Só o que? (Ela já brava na mente dele).

- É que você ultimamente tem me desprezado, tem saído com suas amigas, tem... tem...

- Vá! Termine! Tem o que? (Em pensamento ele já imaginando ela nervosa).

Súbito, Jairo deixou de pensar. Ele mesmo já estava ficando nervoso com os "questionamentos" dela. Raciocinou direitinho, olhou aquela casa bem arrumada, aquela cama macia, o armário cheio de alimento, algumas cervejas na geladeira e, olhando o pulso para ver a hora naquele relógio novo que foi presente dela, suspirou e disse para seus botões: é, uma vida dessa, com todo conforto, eu sem trabalhar, recém saído do cubículo onde morava de favor, não posso perder essa oportunidade. Tenho mais é que agradecer pela mulher que me amparou. Estava tão envolto em pensamentos que nem viu a hora passar. Assustou-se com o toque da campainha. Correu para abrir a porta e com um largo sorriso abraçou Luana que lhe entregava as chaves do carro para que colocasse em cima da cômoda.